Operação Trapiche

PF repudia declarações de Israel sobre operação contra terrorismo

Corporação afirma que atua de maneira técnica, sem interferir nos assuntos de natureza internacional

 Fachada da Policia Federal (PF), na Asa Norte, em Brasília (DF) -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
Fachada da Policia Federal (PF), na Asa Norte, em Brasília (DF) - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
postado em 09/11/2023 17:37 / atualizado em 09/11/2023 17:40

A Polícia Federal se manifestou em repúdio a declarações feitas por autoridades de Israel sobre a Operação Trapiche, deflagrada na quarta-feira (8/11) para interromper atos preparatórios de terrorismo no Brasil. No dia da operação, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que a agência Mossad, que conduz a inteligência israelense, contribui com a investigação.

No comunicado, o governo israelense afirma que foram frustrados planos do Hezbollah para cometer atentados contra judeus no Brasil. O texto diz que o grupo é financiado pelo Irã. A PF não citou o Hezbollah publicamente em informações sobre as ações divulgadas na quarta.

No entanto, fontes na corporação consultadas pelo Correio destacaram as suspeitas de que os integrantes do grupo extremista estavam recrutando e treinando brasileiros para os atos terroristas. No posicionamento desta quinta-feira, a PF ressalta o papel técnico. "A Polícia Federal repudia as declarações feitas por autoridades estrangeiras a respeito da Operação Trapiche. A PF se utiliza da cooperação internacional como instrumento para combater de maneira eficaz a criminalidade organizada transnacional e para preservar a segurança interna", diz um trecho do texto.

A corporação afirma que declarações de autoridades estrangeiras violam as regras de cooperação internacional. "Para isso, todas as suas ações são técnicas, balizadas na Constituição Federal e nas leis brasileiras. Não cabe à PF analisar temas de política externa. Contudo, manifestações dessa natureza violam as boas práticas da cooperação internacional e podem trazer prejuízos a futuras ações nesse sentido", completa a nota.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, também criticou as declarações israelenses, também sem citar nomes. “Ninguém que coopera conosco pode pretender substituir as instituições brasileiras e antecipar vereditos. Então, dizer que uma investigação brasileira, que se processa sob supervisão do poder judiciário, já concluiu pela responsabilidade de um grupo de pessoas ou de países? Isso é uma ingerência indevida, por isso mesmo fiz questão de deixar claro que, como ministro da Justiça, minha obrigação é dizer que a polícia federal não tem lado”, afirmou.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação
-->