Judiciário

Gilmar diz que TSE "sofreu assédio" do ministro da Defesa nas eleições

Ministro do Supremo criticou a presença de militares no comando da pasta da Defesa no governo Bolsonaro

Gilmar Mendes:
Gilmar Mendes: "O Brasil não naufragou no movimento golpista graças a muitas coisas, mas graças, sobretudo, a solitude da Justiça Eleitoral" - (crédito: Carlos Moura/SCO/STF)
postado em 08/11/2023 14:32 / atualizado em 08/11/2023 14:34

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sofreu "assédio" por parte do então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira,  do Exército, durante as eleições de 2022. O magistrado criticou a presença de militares no comando da pasta da Defesa.

Gilmar destacou que, durante a gestão do ministro Edson Fachin na presidência do TSE, o ministro da Defesa enviou diversas cartas a corte, com questionamentos sobre o sistema eletrônico de votação. De acordo com ele, ao assumir o tribunal, o ministro Alexandre de Moraes decidiu que não iria mais responder aos questionamentos.

"Temos que combater o abuso de poder, mas também temos que combater o esquecimento. Ali nós tinhamos o quê? Um general do Exército, ministro da Defesa, todo dia escrevia uma carta ao ministro Fachin. Todo dia, com dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Não sei se ele já estava assessorado por hackers. Era algo doentio. Vivemos um cenário de assédio ao TSE. E não era por qualquer um, era pelo ministro da Defesa", disse Gilmar.

Gilmar participou de um almoço com parlamentares da Frente Parlamentar do Comércio e Serviços na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (8/11). A frente é liderada na Casa Baixa pelo deputado Domingos Sávio (PL-MG) e no Senado, por Efraim Filho (União-PB).

Ministro participou de um almoço com parlamentares da Frente Parlamentar do Comércio e Serviços na Câmara, nesta quarta-feira (8/11)
Ministro participou de um almoço com parlamentares da Frente Parlamentar do Comércio e Serviços na Câmara, nesta quarta-feira (8/11) (foto: Renato Souza/CB/DA.Press)

"Passamos por momentos bastantes singulares nesses tempos. Não só por pessoas açodadas ou pelos patriotas no dia 8 de janeiro, mas por pessoas que tinham relevante papel institucional. Não podemos esquecer estes fatos. No 11 de janeiro, quando voltei de Portugal e visitei o Supremo, me fiz duas perguntas, que acho que todos temos que fazer... Quando vi toda aquela tragédia que se abatera no Supremo, que eu visito desde a década de 70. O que nós fizemos de errado para permitir que se produzisse isso? E a outra pergunta, o que podemos fazer para evitar que isso se repita?", declarou.

"O Brasil, obviamente, não naufragou no movimento golpista graças a muitas coisas, mas graças sobretudo, à solitude da Justiça Eleitoral", completou Gilmar.

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