A sessão da Comissão de Legislação Participativa (CLP) da Câmara dos Deputados que discutia a visão palestina da guerra com Israel foi interrompida após confusão causada pelo deputado bolsonarista Abílio Brunini (PL-MT). O parlamentar acusou os convidados, que defendiam o fim da morte de palestinos causada pela invasão e bombardeios de Israel, de apoiarem o grupo terrorista Hamas.
A sessão acabou causando um revés para a causa de Israel, já que o ponto de vista do país seria discutido em uma reunião subsequente, que também foi cancelada. O primeiro debate tratou apenas da posição palestina no conflito. O colegiado decidiu dividir a sessão justamente pelo risco de confrontos. Com a briga, porém, a comissão encerrou os trabalhos antes mesmo que os demais parlamentares inscritos falassem.
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O debate reuniu professores, especialistas e representantes da Palestina que classificam os ataques de Israel como um genocídio do povo palestino. A sessão transcorreu sem problemas até que Abílio tomasse a palavra. "Quem governa a Faixa de Gaza é o Hamas. Tenham vergonha e assumam isso", disse o bolsonarista, exaltado.
Reação
A fala foi respondida com cantos de "Palestina livre" e "Israel assassino do povo palestino". Os representantes da Palestina que participaram da sessão também reagiram ao parlamentar. Estavam presentes o presidente da Federação Árabe Palestina no Brasil (Fepal), Ualid Rabah, o presidente do Instituto Brasil Palestina (Ibraspal), Ahmed Shehada, e o vice-chefe da missão diplomática da embaixada da Palestina no Brasil, Ahmed Fahkri Al Assad.
Em um dado momento, Ualid Rabah se levantou da mesa e, dedo em riste, rebater as falas de Abílio. O parlamentar chegou até a dizer que o Brasil não deveria enviar ajuda humanitária à região. A sessão foi esvaziada após a confusão. Dessa forma, os representantes de Israel não foram ouvidos. O presidente do colegiado, deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), se comprometeu a realizar nova audiência caso haja aprovação de novo requerimento.
Abílio é conhecido como baderneiro nos corredores do Congresso. Ele participou da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CMPI) que investigou os ataques terroristas de 8 de janeiro, em Brasília, e se envolveu em brigas e confusões em diversas reuniões. O presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA) chegou a expulsar o bolsonarista de uma sessão pelo seu comportamento.
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