O Egito voltou a abrir, ontem, a passagem na fronteira com a Faixa de Gaza, permitindo a saída de cidadãos estrangeiros da zona de guerra. Porém, mais uma vez, o grupo com 34 brasileiros não foi autorizado a deixar a região. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse, em entrevista ao Correio, que o congênere israelense, Eli Cohen, prometeu que até amanhã os brasileiros serão autorizados a cruzar a fronteira para o Egito, onde um avião da Presidência da República aguarda para fazer a repatriação do grupo.
A fronteira de Rafah foi fechada pelos egípcios, em protesto depois que Israel bombardeou ambulâncias Crescente Vermelho — entidade equivalente à Cruz Vermelha nos países islâmicos —, usadas para transportar feridos.
A demora dos brasileiros que estão ficando para o fim da fila em Gaza tem preocupado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele voltou, ontem, a se reunir, no Palácio do Planalto, com o chanceler e o assessor especial das Presidência para Assuntos Internacionais, o embaixador aposentado Celso Amorim, para discutir a saída dos brasileiros.
Lula vem acompanhando o desenrolar do caso em tempo real, afirmam fontes do Ministério das Relações Exteriores (MRE). O presidente também trabalha com o prazo de até amanhã para que os brasileiros sejam autorizados a cruzar para o território egípcio. A diplomacia brasileira está trabalhando intensamente para que a promessa do chanceler israelense se concretize.
O embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, disse que estão passando pela fronteira os estrangeiros e os feridos autorizados a sair de Gaza nas listas anteriores. Conforme observou, depois que a ligação com o Egito fechou por dois dias, não foram divulgadas novas listas com os nomes dos estrangeiros autorizados a deixar a Faixa de Gaza.
"Aguardamos agora que os brasileiros entrem na lista de autorizados", disse Candeas, esperançoso.
O grupo com 34 pessoas espera, desde o início da guerra, a autorização para deixar o território palestino. Elas estão em dois alojamentos alugados pelo Itamaraty nas cidades de Rafah e Kahn Yunis.
Hasan Rabee, que faz parte do grupo que aguarda pelo retorno ao país, disse, ontem, que está difícil achar comida e que não há mais água potável. "Cada dia é pior que o outro. Hoje (ontem) fez 31 dias sem energia e o mais difícil agora é encontrar alimentação. Além da guerra e do bombardeiro, outro sofrimento é a comida. Muita gente passa fome", afirmou.
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