Governo

Derrotas e assédio do Planalto minam os planos do PL para as eleições de 2024

Inelegibilidade de Bolsonaro e Braga Netto dificultam costuras políticas, com vistas às eleições municipais de 2024. Além disso, governo quer atrair parlamentares do partido para sua órbita

Os planos do presidente do partido, Valdemar Costa Neto (foto), de tornar o PL um campeão em conquista de prefeituras — projetou vencer em aproximadamente 1,5 mil municípios —, está ruindo, na opinião de analistas políticos -  (crédito: Beto Barata/PL)
Os planos do presidente do partido, Valdemar Costa Neto (foto), de tornar o PL um campeão em conquista de prefeituras — projetou vencer em aproximadamente 1,5 mil municípios —, está ruindo, na opinião de analistas políticos - (crédito: Beto Barata/PL)
postado em 04/11/2023 03:55 / atualizado em 04/11/2023 07:35

O PL anunciou, ontem, mais um pré-candidato às eleições de 2024. Em evento com presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, a deputada federal Rosana Valle (SP) foi apresentada como a aposta da legenda para a Prefeitura de Santos (SP). Ela se soma ao ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pré-candidato em João Pessoa, e ao deputado estadual Bruno Engler, em Belo Horizonte.

Mas os planos do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, de tornar o PL um campeão em conquista de prefeituras — projetou vencer em aproximadamente 1,5 mil municípios —, está ruindo, na opinião de analistas políticos. E por duas razões principais: as inelegibilidades, decretadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, de Bolsonaro e Walter Braga Netto — que era visto como potencial candidato da legenda à Prefeitura do Rio de Janeiro — e a manobras do governo Lula para isolar os radicais da extrema direita na bancada do PL na Câmara.

O general da reserva foi condenado pelo TSE por abuso de poder político nos atos do Bicentenário da Independência em 2022 — era vice de Bolsonaro na chapa à reeleição. Com chances remotas de recuperar o direito de ser votado, Valdemar apresentou o deputado Alexandre Ramagem (RJ) como substituto nas corrida. A indicação pareceu não ter agradado ao senador Flávio Bolsonaro (RJ), que também estava cotado para ser lançado na disputa.

Porém, contra Ramagem pesa a acusação de ter tornado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que presidiu de 2019 a 2022, um braço de Bolsonaro para bisbilhotar inimigos, críticos e adversários. Para isso foi utilizado o software First Line, desenvolvido por uma empresa israelense e capaz de rastrear sinais de celular.

Além dos problemas internos, o Palácio do Planalto vem fazendo acenos para que setores do PL passem à órbita do governo. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu o Conselho Político de Coalizão, no Palácio do Planalto. Nesse grupo, estavam pelo menos oito presidentes de partidos, líderes e vice-líderes que apoiaram Bolsonaro em 2022. A estratégia é isolar o ex-presidente e voltar a derrotá-lo nas prefeituras.

Adesismo

No PL, um bom número de parlamentares tem votado com o governo. No final de maio, a legenda orientou que os deputados fossem contra a medida provisória que reestruturava os ministérios do governo Lula. Porém, sete deputados da sigla decidiram votar com o Planalto. Já na aprovação do projeto das offshores, 12 deputados fecharam com os governistas.

Outro episódio foi quando o PL determinou que os deputados votassem contra um destaque em um texto do Planalto que retomou o Programa de Aquisição de Alimentos — oito deputados acompanharam a base governista. Em agosto, a sigla orientou posição contrária a uma medida provisória do governo que concedia um reajuste salarial de 9% a servidores públicos federais. Dezesseis parlamentares da sigla não seguiram a indicação.

Em setembro, o PL determinou uma obstrução a outra medida que abriria um crédito de R$ 200 milhões para combater a gripe aviária. Sete decidiram apoiar a proposta do Executivo.

Alguns deputados do partido têm sido notados pelas vezes que votaram com o governo. Como João Carlos Bacelar (BA) e Júnior Lourenço (MA). Outro é Robinson Faria (RN), pai de Fabio Faria, ex-ministro das Comunicações no governo Bolsonaro. A essa lista se soma Samuel Viana (MG).

Bacelar foi aliado do ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa. Em maio, foi agraciado com uma indicação a um cargo de chefia na Superintendência do Patrimônio da União na Bahia.

Na campanha eleitoral do ano passado, Lourenço anunciou nas redes sociais que apoiaria Flávio Dino (PSB-MA) para o Senado — está licenciado para ocupar o posto de ministro da Justiça e Segurança Pública. Já Robinson, quando era filiado ao PSD, foi eleito governador do Rio Grande do Norte, em 2014, em uma coligação com o PT.

Samuel é filho do senador Carlos Viana (Podemos-MG), que foi candidato do PL ao governo mineiro. Mas se distanciou de Bolsonaro, em março, e se desfiliou da sigla.

O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), não é visto como um "radical" no Palácio. Na reunião do conselho, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez uma citação elogiosa à postura não só de Côrtes, mas também do líder do PSDB, Adolfo Viana (BA). Disse que "mesmo não sendo da base, ajudam no diálogo". (Com Agência Estado)

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br