Morreu nesta sexta-feira o jurista Reginaldo Oscar de Castro, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O advogado, de 81 anos, estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele tinha enfrentado um câncer e estava internado após apresentar piora no quadro de saúde. Reginaldo se formou em 1967 na Universidade de Brasília (UnB), fazendo parte de uma das turmas pioneiras do curso de direito da instituição.
O jurista é um nome conhecido e de credibilidade no meio jurídico da capital do país e do Brasil. Além de presidente da ordem, foi advogado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao longo de sua carreira, foi defensor de melhores condições de trabalho para advogados e da segurança jurídica no país.
Em seu legado para Brasília, Reginaldo se destaca por ter concretizado a construção da sede da entidade, no Setor de Autarquias Sul. Em 1998, quando presidia a OAB, gestão que durou até 2001, Reginaldo de Castro convidou o arquiteto Oscar Niemeyer para desenhar o projeto da nova sede. Na ocasião, Niemeyer, aos 91 anos, aceitou a proposta e doou o projeto para a entidade. A obra começou em 1999 e até os dias atuais o edifício encanta quem passa pela região, com toque de modernidade e a leveza arquitetônica típicas de um dos maiores arquitetos da história.
Em razão do falecimento, o atual presidente da OAB, Beto Simonetti, decretou luto oficial de uma semana e lamentou a perda. “Pessoalmente, é um dia muito triste. O legado do presidente Reginaldo Oscar de Castro para a advocacia ainda será dimensionado de acordo com sua real grandeza pela história. Mas posso testemunhar que ele inspirou diversas gerações de colegas, inclusive a minha. Em especial, tive a oportunidade de conviver com ele desde a infância, por causa de sua amizade com meu pai, e pude tê-lo presente durante minha formação e crescimento profissional. Faremos de tudo para que sua luta pela efetivação da Constituição e da democracia tenha o lugar que merece ao lado das realizações dos que, assim como ele, foram os grandes líderes da advocacia de nosso tempo”, disse Simonetti.
Francisco Caputo, amigo de Reginaldo, ex-presidente da OAB e atual integrante do Conselho Federal da entidade, lembrou que Reginaldo foi o primeiro presidente da ordem oriundo da seccional do Distrito Federal. “O presidente Reginaldo foi o primeiro presidente do Conselho Federal oriundo da OAB-DF. Então ele já trás esse legado para Brasília. A presidência dele foi um momento de reafirmação da independência da ordem. Apesar de ter sido advogado do presidente Fernando Henrique Cardoso, ele atuou contra a edição de medidas provisórias. Teve uma luta muito grande para que o Executivo não suplantasse o próprio Legislativo”, destacou.
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Ele destacou que a gestão de Reginaldo foi marcada por oportunidades para novos advogados. “A ordem sempre foi apartidária e a importância dela vem sempre da independência ao governo de plantão… A minha trajetória na ordem começou pelas mãos dele. Quando ele era presidente do Conselho Federal, me nomeou para a primeira comissão de apoio ao advogado no início de carreira. Devo minha história de ordem a ele. Era uma convivência sempre muito saudável, alguém muito inteligente, de fino humor”, completou.
Silvestre Gorgulho, ex-secretário de cultura de Brasília, amigo de Reginaldo, destacou uma das frases que ouviu do amigo em um dos tradicionais encontros em que ele participava. “O Reginaldo deixou um legado importantíssimo, não só Toda sexta-feira tinha um almoço, que ele participava. E em um desses almoços, ele falou uma frase sobre a importância da OAB: a ordem não pode se ligar ao Ministério Público, não pode se ligar a magistratura, não pode se ligar aos partidos políticos, por que ela tem um papel definido no seu estatuto que deve ser respeitado com todo vigor, a independência da OAB”, disse.
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