O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou, ontem, com o presidente da Espanha, Pedro Sánchez. Segundo o Palácio do Planalto, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia foi o tema principal do telefonema, que durou meia hora. O Brasil ocupa, atualmente, a presidência pro tempore do bloco sul-americano, enquanto a Espanha está à frente do Conselho da UE. Uma nova rodada de negociações está prevista para a próxima semana.
Lula e Sanchez concordaram que é preciso acelerar a conclusão do acordo, discutido há mais de duas décadas. Porém, o presidente brasileiro voltou a criticar as duras exigências ambientais impostas pelos europeus e a medida que dá acesso do bloco às compras do governo federal. O chefe do governo espanhol se colocou à disposição para intermediar as conversas em torno do pacto.
"Conversei por telefone com o presidente da Espanha Pedro Sánchez, que está na Presidência do Conselho da União Europeia. Falamos sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia e de fazermos um esforço para concluir a negociação antes do fim das presidências do Brasil e da Espanha em cada bloco", publicou Lula em sua conta no X (antigo Twitter).
Oportunidade
Os dois enxergam a presidência simultânea dos blocos, até o final de 2023, como uma oportunidade de avançar no acordo. Porém, já se faz a avaliação de que se o pacto não for assinado ainda este ano, não será mais. Isso porque o próximo país a presidir o Mercosul será o Paraguai, cujo presidente, Santiago Peña, já declarou que não vai se esforçar para o tratado avançar.
"Se nós dois, que somos amigos, não fizermos um esforço muito grande para fazer esse acordo, acho que não sairá", contou Lula, dias atrás, no café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.
O maior entrave para a celebração do acerto são as exigências ambientais dos países europeus, que querem impor sanções aos sul-americanos em caso de descumprimento. Lula reafirmou a posição contrária a Sánchez.
O presidente destacou que o Brasil tem avanços a apresentar na área da sustentabilidade. Tal como a matriz energética, composta por 80% de energia limpa — vinda das hidrelétricas e os parques eólicos do Nordeste.
Lula, porém, criticou o trecho do acordo que prevê permissão para que empresas europeias participem de licitações nos países do Mercosul — para ele, isso prejudica as indústrias do bloco.
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