O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, nesta sexta-feira (3/11), em reunião com ministros, que "dinheiro bom é dinheiro transformado em obras" para o presidente da República, enquanto na Fazenda "dinheiro bom é dinheiro no Tesouro". Lula coordena reunião ministerial nesta manhã para tratar do tema da infraestrutura.
A fala ocorre em meio a um racha entre a posição do presidente e a do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em relação ao déficit fiscal. Enquanto Haddad defende a meta de deficit zero para 2024, Lula já admitiu em falas públicas que deve prever um déficit maior, de até 0,5%, para o período.
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"Eu sempre disse o seguinte: para quem está na Fazenda, dinheiro bom é dinheiro que está no Tesouro. Mas, para quem está na Presidência, dinheiro bom é dinheiro transformado em obras. É dinheiro transformado em estrada, em escola, em escola de primeiro, segundo e terceiro grau. É saúde", declarou o presidente aos ministros na abertura do encontro.
"Ou seja, se o dinheiro estiver circulando, e gerando emprego, é tudo o que um político quer. É tudo que um presidente deseja", acrescentou o chefe do Executivo. Aos presentes, Lula frisou que não se pode "deixar dinheiro sobrando nos ministérios", e que os recursos precisam ser investidos.
O encontro ocorre no Palácio do Planalto para fazer um balanço das ações do governo na infraestrutura, como a retomada de obras da saúde e educação sancionada pelo presidente ontem (2). Segundo o Planalto, estão presentes o vice-presidente e ministro da Indústria, Desenvolvimento, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin (PSB), os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Juscelino Filho (Comunicações), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), Jader Filho (Cidades), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), além dos secretários Miriam Belchior e Maurício Muniz, da Casa Civil.
Embate por déficit fiscal
A reunião de hoje é a primeira de uma série de três encontros com ministros, divididos em áreas específicas. As próximas serão sobre os serviços e sobre a área social do governo. Ao final do ano, o presidente também fará uma reunião com todos os ministros para produzir um balanço do primeiro ano do governo.
A posição de Lula em relação ao déficit fiscal vem sendo criticada, especialmente por investidores e integrantes do mercado financeiro. Haddad assumiu sua pasta com o compromisso de atingir o deficit zero nas contas públicas em 2024, meta considerada ambiciosa, mas que agradou o mercado. Após uma arrecadação aquém do esperado durante o ano, porém, Lula passou a admitir que o objetivo não deve ser alcançado. Apesar das falas do presidente, Haddad ainda insiste na meta de zerar o deficit.
O governo estuda alterar a meta do deficit fiscal para 0,5% em 2024, a ser incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano que vem. O texto deve começar a tramitar no Congresso Nacional a partir da semana que vem.
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