relações internacionais

Guerra Israel-Hamas: o esforço diplomático do Brasil contra o conflito

Em conversa com o presidente de Israel, Lula coloca país à disposição para "encontrar um caminho" rumo à paz. Hoje, em reunião convocada pelo Brasil, Conselho de Segurança da ONU tratará da guerra

Em mais uma iniciativa para reposicionar o Brasil no cenário internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou, nesta quinta-feira, com o presidente de Israel, Isaac Herzog, e defendeu a busca por uma solução para a guerra no Oriente Médio. O petista disse ao dirigente israelense que "o Brasil está à disposição para tentar encontrar um caminho para a paz".

Lula também fez apelo por um corredor humanitário "para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança".

O chefe do Executivo informou sobre a conversa Herzog em postagem nas redes sociais. "Reafirmei a condenação brasileira aos ataques terroristas e nossa solidariedade com os familiares das vítimas. Solicitei ao presidente todas as iniciativas possíveis para que não falte água, luz e remédios em hospitais", ressaltou o chefe do Executivo. "Não é possível que os inocentes sejam vítimas da insanidade daqueles que querem a guerra." O petista também agradeceu a Israel pelo apoio para a retirada dos brasileiros que desejam retornar ao país.

Em outra frente, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, vai comandar, nesta sexta-feira, a reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), convocada pelo Brasil, para discutir a guerra. O encontro, em Nova York, começa às 15h (16h no horário brasileiro).

"Na pauta do evento, a situação humanitária na Faixa de Gaza, ameaças à segurança e à paz mundial e desdobramentos do conflito no Oriente Médio", diz nota divulgada pela Presidência da República.

O Palácio do Planalto também destacou o apelo feito por Lula, na quarta-feira, direcionado ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à comunidade internacional, em defesa das crianças palestinas e israelenses.

A intenção é que os países integrantes do Conselho cheguem a um acordo para a criação de corredores humanitários pelos quais civis possam ser retirados da Faixa de Gaza e pela libertação dos reféns capturados pelo Hamas.

O Brasil preside o Conselho neste mês, portanto, é responsável pela agenda do grupo e pela convocação dos encontros. É preciso, porém, autorização dos cinco membros permanentes: China, Estados Unidos, Rússia, França e Reino Unido. Mauro Vieira cumpria agenda no Camboja e seguiria para as Filipinas, mas alterou a programação para estar em Nova York.

Esta será a segunda reunião de emergência do Conselho convocada pelo Brasil para discutir a situação da guerra. A primeira ocorreu a portas fechadas no último domingo, mas não houve consenso entre as nações para a divulgação de um comunicado conjunto. Na quarta-feira, a comissão da ONU que acompanha o conflito emitiu uma nota afirmando que há indícios de crimes de guerra cometidos tanto pelo Hamas quanto pelas forças israelenses.

Hamas

O Itamaraty informou, nesta quinta-feira, que o Brasil segue as determinações da ONU sobre a classificação de grupos terroristas. A declaração ocorre em meio a pressões internas e externas para que o governo federal chame o grupo fundamentalista islâmico Hamas, da Palestina, de terrorista. Segundo a pasta, seguir a recomendação da entidade habilita o país a participar de negociação pela paz em conflitos, como o que ocorre agora no Oriente Médio.

Na nota, o Itamaraty citou grupos classificados pela ONU como terroristas, casos do Estado Islâmico (ou ISIS) e da Al-Qaeda. Também ressaltou que o governo está comprometido com a solução pacífica para a guerra entre Israel e o Hamas.

"Em aplicação dos princípios das relações internacionais previstos no Artigo 4º da Constituição, o Brasil repudia o terrorismo em todas as suas formas e manifestações", enfatizou o Itamaraty. "No tocante à qualificação de entidades como terroristas, o Brasil aplica as determinações feitas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão encarregado de velar pela paz e pela segurança internacionais, nos termos do Artigo 24 da Carta da ONU", acrescentou.


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