oriente médio

Guerra Israel-Hamas: resgate de brasileiros de Gaza é um desafio

Governo negocia com Egito aval para que o grupo entre no país. Brasil pede que Israel não bombardeie escola onde estão 13 brasileiros

Na operação de resgate de brasileiros em meio à guerra entre Israel e Hamas, o governo trabalha para repatriar um grupo de 50 cidadãos que está na Faixa de Gaza. Ao menos 13 se refugiaram em uma escola, e o Brasil pediu a Israel que não bombardeie o local.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou, nesta quarta-feira, que as negociações para o resgate estão avançando e podem contar com o apoio do governo do Egito.

Confirmada a cooperação, a repatriação deve ocorrer por via terrestre até o Egito, por meio da passagem de Rafah, no sul do território palestino. "Acabo de falar por telefone com o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, a quem pedi que nos apoiasse, nos ajudasse, de modo a facilitar a passagem de ônibus com passageiros brasileiros que se encontram na Faixa de Gaza, pela passagem de Rafah, para que entrem no território egípcio, onde estarão a salvo", explicou Vieira.

A fronteira da Faixa de Gaza com Israel se estende por 51 quilômetros. Já com o Egito são 11km de extensão, e é o governo egípcio quem controla o trânsito nessa fronteira. "Estou contando com o apoio egípcio e creio que será a saída para evacuar os brasileiros que se encontram nessa região. Estamos trabalhando, portanto, para conseguir informar ao governo egípcio da documentação, dia e horário em que o ônibus passaria", acrescentou o chanceler.

Apesar do otimismo, o governo ainda não tem data para a repatriação. "É um número menor, mas o carinho e o trabalho serão o mesmo. Não temos previsão de quando serão resgatados. Estamos com esses primeiros cinco voos para Tel Aviv. Se tivermos abertura, podemos até trazê-los logo que possível, dependendo dessa negociação dos nossos embaixadores, adidos militares e países envolvidos nesse resgate", ressaltou o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Marcelo Kanitz Damasceno.

O primeiro dos cinco voos da Operação Voltando em Paz chegou na madrugada desta quarta-feira a Brasília. Na aeronave, um KC-30, vieram 211 brasileiros. Cerca de metade ficou na capital federal, enquanto os outros seguiram em aeronaves da FAB para o Rio de Janeiro.

Entre os passageiros, o sentimento comum foi o alívio de deixar para trás os horrores da guerra. Alguns ficaram muito emocionados ao reencontrar parentes no desembarque do Aeroporto Internacional de Brasília.

No grupo, estavam brasilienses, a maioria da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, da Asa Sul. Quando começaram os ataques do Hamas, no sábado, eles ficaram no bunker de um hotel em Jerusalém, aguardando a hora de sair para o aeroporto, em Tel Aviv.

"Descemos várias vezes para o bunker, mas os padres nos deram o suporte tão maravilhoso que a gente só teve paz. Essa emoção é de voltar para o Brasil e estar com a minha família e meus amigos da paróquia, minha segunda família", contou Neiara Aguiar, no desembarque. Em nota publicada nas redes sociais, a paróquia tranquilizou a todos sobre o retorno dos peregrinos e agradeceu pelas orações. "Agradeçamos a Deus por Sua misericórdia. Pedimos que continuem rezando pela paz naquela região. Que Nossa Senhora de Guadalupe continue a guiar e proteger todos nós", diz o comunicado.

No aeroporto, a fotógrafa Bárbara da Silva, 27 anos, aguardava a volta da mãe. "Estou muito feliz e aliviada porque foram dias de muita ansiedade, pois ninguém esperava uma tragédia como essa", afirmou. "Fiquei aliviada porque minha mãe conseguiu voltar, mas fiquei pensando nas pessoas que ainda estão presas lá, no sofrimento dos que não podem sair."

Nessa primeira fase da missão de resgate tiveram preferência os brasileiros que estavam de passagem por Israel, a turismo ou a trabalho. Pelo menos 2,5 mil pessoas pediram ajuda ao Itamaraty para sair da região. Nesta quarta-feira, uma segunda aeronave, com 210 lugares, deixaria Israel com destino ao Brasil.

Por meio das redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disse satisfeito com o trabalho de repatriação. "Estou orgulhoso, e o povo brasileiro também deve estar, pelo belo trabalho que o Ministério da Defesa, o Itamaraty e a Força Aérea Brasileira estão fazendo de resgate dos nossos compatriotas que estão na zona do conflito", escreveu nas redes sociais. "Vamos continuar trabalhando até trazer de volta para casa todos que estão naquela região e desejam retornar ao nosso país", acrescentou. (Colaborou Denise Rothenburg)

 

 

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