Contrariada com temas pautados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ultimamente — como descriminalização das drogas e do aborto e marco temporal —, a oposição decidiu obstruir as votações na Câmara e também o funcionamento de comissões, o que ocorre há duas semanas. Eles argumentam estarem perdendo suas prerrogativas.
Nos grupos de WhatsApp da oposição, esses bolsonaristas discutem as estratégias para não deixar a Casa Baixa funcionar, sob a orientação do líder oposicionista, deputado Carlos Jordy (PL-RJ), que também está na bronca com os "traidores" que descumprem a ordem e marcam presença no plenário, ajudando no quórum para votações de projetos de interesse do governo.
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O Correio teve acesso a mensagens trocadas entre os oposicionistas. O conteúdo informa que eles estão "em permanente obstrução", aponta as ações a serem adotadas, como não marcar presença nos painéis do plenário e das comissões, e faz dura cobrança aos parlamentares desobedientes, que têm seus nomes expostos e são ameaçados de serem excluídos dos grupos.
Na última quarta-feira (4), Jordy escreveu no grupo, como mostra o print da mensagem no "zap":
"Pessoal, não registrem presença. Tem deputados da oposição registrando. Os deputados da oposição que registraram presença serão advertidos aqui. Na próxima serão retirados do grupo. É inadmissível termos pessoas que se coloquem como oposição e estejam no grupo, mas não votem como a oposição orienta."
O deputado Vermelho (PL-PR) dá o seu aval e diz que "os caras não leem o grupo, só pode", e comunica que "não registrei (presença), que fique claro". O colega Lincoln Portela (PL-MG) concorda: "Vamos nos manter firmes".
Deputado sugere "gerar tumulto na hora da Ordem do Dia"
Na sequência, os deputados recebem um "alerta da oposição", com a lista dos dissidentes — pelo menos seis — que desobederam a orientação de não registrar presença: "Solicitamos, caso haja a real vontade de compor a oposição, que o alinhamento e a fidelidade sejam pilares".
O deputado General Girão (PL-RN) endossa no grupo a necessidade de paralisar os trabalhos da Câmara e diz ser preciso ir além da "simples obstrução" e sugere "gerar tumulto na hora da Ordem do Dia", que é a fase da sessão em que projetos são votados, e também que levem cartazes para o plenário "exigindo respeito às nossas pautas".
Em outro recado, Carlos Jordy diz ser preciso manter a obstrução e que, do contrário, serão condenados pela população.
"Temos que manter a obstrução, mas não podemos ceder pontualmente de acordo com nossas pautas, como ocorreu essa semana. A população não entenderá se sairmos da obstrução e nos condenará", postou no grupo o líder da oposição.
Na sequência, deputados concordam com Jordy. São eles: Zucco (Republicanos-RS), Giovani Cherini (PL-RS), Alberto Fraga (PL-DF) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Exceção
No caso das comissões, a liderança da oposição orientou boicotar todas, exceto aquela que vote um ou outro projeto de relevância e interesse do grupo, como o que proíbe união homoafetiva.
"Amanhã, obstruíremos todas as comissões, com exceção do que tem como item único o projeto da união homoafetiva. Peço que não registrem presença e auxiliem na obstrução das comissões que sejam membros."
E, mesmo sendo esta uma semana vazia de votação, a liderança da oposição já mandou um "alerta" de que a obstrução continua. "Pedimos novamente que não registrem presença no plenário nem nas comissões e auxiliem na obstrução das comissões que sejam membros."
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