A CPMI do 8 de janeiro desmarcou o último depoimento antes do encerramento das investigações, com a leitura do parecer da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) marcado para 17 de outubro. O colegiado ouviria, hoje, o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, arremessado de uma das cúpulas do Congresso, no dia dos ataques aos prédios dos Três Poderes.
O presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), decidiu cancelar a oitiva sob o argumento de que haveria "baixo quórum". Segundo a equipe do parlamentar, o cancelamento permite um "enfoque maior dos gabinetes na preparação do relatório final e de eventuais votos em separado".
A última reunião da CPMI demonstrou, porém, que o fim dos trabalhos deverá trazer pouco ou nenhum avanço nas investigações. A expectativa dos parlamentares governistas era conseguir implicar Jair Bolsonaro diretamente no 8 de janeiro — tentaram isso com pedidos de quebras de sigilos, como os do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do ex-presidente e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Mas o requerimento sequer foi à votação.
Já a oposição alega que o relatório da senadora Eliziane está pronto há semanas devido à suposta parcialidade da relatora. Alguns esperam, ao menos, conseguir livrar bolsonaristas da possibilidade de prisão. "Espero que pessoas que não vieram fazer baderna, e foram presas, a CPMI possa comprovar que são inocentes. Se a gente (oposição) conseguir comprovar isso, para mim é uma vitória", disse o senador Cleitinho (Republicanos-MG).
Credibilidade
Em entrevista, ontem, ao CB.Poder — uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília —, o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), afirmou que vai apresentar, em 17 de outubro, um relatório em separado ao de Eliziane. Isso porque, para ele, a CPMI tem problemas de credibilidade devido à atuação da relatora.
"Não tem sentido fazer uma CPMI na qual a relatora é suspeita. Nós conseguimos identificar uma colinha dela relatora para o (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general) GDias, de perguntas e respostas. Nunca vi isso na minha vida, numa CPI a relatora trocando colinha com o depoente — que era um dos principais depoentes", criticou o senador.
Segundo Izalci, o colegiado foi "sequestrado" pelos governistas. "A CPI é um instrumento da minoria. Se você tem maioria, tudo que é votado é rejeitado. E foi o que aconteceu", lamentou.
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