Diante da crise de segurança pública no estado, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), participou de uma reunião com a bancada de deputados federais do estado, na Câmara. Mesmo parlamentares que fazem oposição a gestão dele participaram. Na saída, Rodrigues foi assediado por prefeitos baianos, que participam de um encontro de gestores municipais em Brasília, e fizeram fotos.
- Flávio Dino autoriza R$ 20 milhões para enfrentamento ao crime na Bahia
- Bahia registra 51 mortos em um mês de conflitos
No final do encontro, o governador comentou a situação no estado, descartou qualquer chance de intervenção federal e disse que a passagem do governo de Jair Bolsonaro contaminou a Polícia Militar, a tornando mais violenta. Questionado pelo Correio se o comportamento do ex-presidente, com um discurso pró-armamento e favorável a ação dura contra criminosos, contaminou a Polícia Militar, o governador respondeu que sim.
"O governo Bolsonaro alterou e muito (o comportamento da polícia). A sociedade ficou armada. Armamento passando pelas fronteiras, que ficaram desprotegidas. Drogas também passando. O conceito dele (Bolsonaro) era de estimular na polícia um sentimento de ira, de raiva. Olha o que a polícia fez na eleição. Não pode ter lado", disse Jerônimo Rodrigues.
O governador conversou na última segunda-feira (2) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por telefone, e na quinta-feira (5) o ministro da Justiça, Flávio Dino, estará no estado.
Rodrigues demonstrou não estar satisfeito com o volume de recurso destinado pelo governo federal ao estado, no pacote anunciado esta semana, de R$ 20 milhões. "Tenho que respeitar a hierarquia. É o governo federal. Estamos sempre pedindo. Pedimos mais (que os R$ 20 milhões anunciados). Mas o governo tem que atender a 27 estados, com o orçamento que ele pegou. Ano que vem será preciso rever isso. Não vamos trabalhar com a corda no pescoço", afirmou.
O governador isentou seus antecessores de culpa pelo o que está acontecendo no estado. Ele admitiu que não é uma recuperação "muito fácil". Rodrigues afirmou que a polícia tem que fazer o enfrentamento de facções e que não é hora de buscar nomes de cadáveres, seja de policiais ou criminosos. "Existe ainda um passivo de pobreza, de fome, que desestrutura nossa sociedade. Estamos disputando os jovens com o crime".
Saiba Mais