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CPMI dos Atos Golpistas amarga dupla derrota

Ministro Nunes Marques, do STF, suspende a quebra de sigilo do ex-diretor da PRF, pedida pela comissão. Na sessão do colegiado, empresário fica em silêncio sobre participação em atos antidemocráticos

Em sua última semana de oitivas, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) amargou mais dois reveses no trabalho de investigação sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. O depoente de desta terça-feira, o empresário do agronegócio Argino Bedin, ficou em silêncio na sessão, beneficiado por uma decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). E outro magistrado da Corte, Nunes Marques, suspendeu a quebra dos sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, que havia sido requisitada pelos parlamentares.

Assim, a CPMI chega à sua reta final — o relatório deve ser apresentado no próximo dia 17 — com uma coleção de derrotas. Os avanços foram tímidos, e tornou-se rotina, por exemplo, depoentes ficarem em silêncio, resguardados por decisões do STF. Os que resolveram falar, fizeram declarações seletivas e pouco contribuíram para as apurações sobre ações e omissões que acarretaram nos episódios antidemocráticos.

O depoente desta terça-feira, inicialmente, se recusou a responder até se conhecia alguns de seus familiares. Argino Bedin, conhecido como pai da soja, é suspeito de ser um dos financiadores do acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília e de bloqueios em rodovias.

Caminhões

Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem jurou defender "até debaixo d'água", o ruralista teve as contas bancárias bloqueadas pelo STF após investigações revelarem que 15 caminhões que se instalaram no QG do Exército pertenciam a uma das 12 empresas das quais ele é sócio. Além disso, Bedin fez doações significativas para a campanha de Bolsonaro e para o Partido Liberal (PL), com valores que somam R$ 160 mil e R$ 86 mil, respectivamente.

Bedin teria direito a 15 minutos, no início da sessão, para fazer uma declaração, mas abriu mão desse tempo. Em seguida, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), fez questionamentos ao depoente, respondidos com: "Vou exercer meu direito de permanecer calado".

O empresário chegou a ser repreendido pelo presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), por não querer responder nem perguntas simples, que não seriam capazes de incriminá-lo. "Estão perguntando se o senhor conhece, ao que me parece, um parente do senhor. Se ficar calado, o senhor vai estar negando a resposta de uma situação óbvia. Não tem nada que possa incriminá-lo dizer se conhece um familiar", frisou Maia. Com o silêncio do bolsonarista, as mais de oito horas de sessão se resumiram a discursos polarizados dos parlamentares da esquerda e da oposição.

Nesta quinta-feira, a CPMI ouvirá o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, do Batalhão de Policiamento de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Na próxima semana, não haverá reunião do colegiado. Em 17 de outubro, o relatório será apresentado. No dia seguinte, colocado para votação.

 

 

 

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