O humorista Marcelo Adnet afirmou que o ex-secretário de Cultura Mario Frias, que atualmente é deputado federal pelo PL, "jamais deveria atacar membros da própria classe" de maneira agressiva. Frias foi condenado, em decisão publicada na segunda-feira (2/9), a pagar R$ 30 mil em indenização ao comediante.
No ano passado, Adnet realizou uma esquete de humor satirizando o discurso de Frias como secretário de Cultura do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mario Frias, que também é ator, chamou Adnet de "frouxo" e "criatura imunda". Os comentários foram feitos pelas redes sociais.
"Ofensas e difamação não são expressão, mas abuso desta. A internet não é terra sem lei", disse Adnet, ao Correio. "Um representante do governo deve atuar como tal. Um colega de profissão jamais deveria atacar membros da própria classe de forma tão agressiva", completou, em referência ao fato de que Frias também é artista.
- Mario Frias é condenado a pagar indenização de R$ 30 mil a Marcelo Adnet
- Mario Frias vai responder por injúria e difamação contra Marcelo Adnet
Os comentários agressivos foram feitos pelas redes sociais do ex-secretário. "Garoto frouxo e sem futuro. Agindo como se fosse um ser do bem, quando na verdade não passa de uma criatura imunda, cujo o adjetivo que devidamente o qualifica não é outro senão o de crápula. Um Judas que não respeitou nem a própria esposa traindo a pobre coitada em público por pura vaidade e falta de caráter", publicou Frias.
Na ação, o ex-secretário alegou "que o vídeo escolhido para ser parodiado pelo autor se tratava de um conteúdo institucional, de caráter educacional, veiculado às vésperas do Dia da Independência do Brasil, para homenagear o heroísmo do povo brasileiro".
Ataque pessoal a honra
O juiz Marco Antônio Novaes, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, entendeu que Frias agiu para atacar pessoalmente a honra do humorista, sem se ater ao conteúdo do vídeo. Ele entendeu, ainda, que houve excesso do direito de liberdade de expressão, e que, pelo fato de Frias ter à época cargo público equivalente a ministro de Estado, as ofensas tiveram repercussão ainda maior.
Além da condenação de indenização de R$ 30 mil, o juiz determinou que o ex-secretário pague 10% do valor da causa e aplicou multa de R$ 1 mil por dia em caso de descumprimento. Cabe recurso da decisão. O deputado ainda não se manifestou sobre o caso.
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