O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou, ontem, ter dúvidas sobre a indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal e deu a entender que a Corte pode não ser a instituição na qual ele prestará o melhor serviço ao país. A observação do presidente foi entendida como uma reversão das expectativas de indicação do ministro da Justiça e Segurança Pública para a cadeira vaga no STF com a aposentadoria de Rosa Weber.
“Dino é uma pessoa altamente qualificada do ponto de vista do conhecimento jurídico e político. Pode contribuir muito. Mas fico pensando: onde será mais justo e melhor para o Brasil? Na Suprema Corte ou é no Ministério da Justiça?”, questionou.
Lula afirmou que fará as indicações para o STF e para a Procuradoria-Geral da República (PGR) a qualquer momento. Disse estar conversando para escolher as “pessoas certas”. “Não vou esperar o final do ano. Vou escolher as pessoas certas, adequadas, para o lugar certo em função da circunstância política. Não posso fechar os olhos e não enxergar que tenho que mandar um nome para ser aprovado pelo Senado”, disse, referindo à derrota que sofreu com a rejeição, pelos senadores, ao nome de Igor Albuquerque Roque para o comando da Defensoria Pública da União (DPU).
Sobre a PGR, disse que o procurador escolhido tem que ser alguém que não faça “política”. “Tenho que escolher um procurador que tenha noção do papel. Não pode ser procurador e fazer política. Não fazer pirotecnia, não perseguir ninguém. Logo, logo vocês vão saber. Vou indicar o procurador-geral, ou procuradora, vou indicar o ministro ou a ministra”, salientou.
Centrão
Para Lula, os cargos no governo que têm sido entregues ao Centrão não são resultado de negociações com o bloco, mas, sim, com partidos. Conforme enfatizou aos jornalistas, "vocês nunca me viram fazer uma reunião" com o grupo manejado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
"Converso com partidos políticos, que estão aí, legalizados, que elegeram bancadas. São com eles que tenho que conversar para estabelecer os acordos que tenho que fazer", afirmou.
Segundo o presidente, "juntos (os partidos do Centrão) têm mais de 100 votos e precisava desses votos para continuar o governo. Faltam ainda mais de três anos para terminar o meu mandato. Como o governo precisa do Parlamento, e não é o Parlamento que precisa do governo, é importante que a gente tenha a humildade de sentar para conversar em momentos de adversidade também", justificou.
Oriente Médio
Em relação à política externa, ele criticou, de forma enérgica, o direito de veto que Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China têm no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Para Lula, esse é um dos fatores da crise humanitária na Faixa de Gaza.
"Alguém tem que falar em paz. A nota (proposta de resolução) que o Brasil fez, foi aprovada por 12 dos 15 votos e duas abstenções. É por isso que queremos acabar com o direito de veto. Achamos que americanos, russos, britânicos, franceses e chineses, ninguém deve ter direito de veto. Sou radicalmente contra, isso não é democrático. Essa semana, os Estados Unidos vetam a Rússia; depois, a Rússia vetou os Estados Unidos. Nossa posição é clara: não tem apenas um lado culpado ou um culpado", reforçou.
Lula ainda acusou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de querer acabar com a Faixa de Gaza. Disse que ele comete "uma insanidade" contra a população palestina em nome de pôr fim ao grupo terrorista Hamas. "Temos a insanidade do primeiro-ministro de Israel querendo acabar com a Faixa de Gaza, se esquecendo que lá não tem só soldado do Hamas. Lá têm mulheres, têm crianças", lamentou.
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