A população do Rio de Janeiro que saiu cedo de casa, nesta terça-feira (24/10), encontrou o transporte público funcionando quase normalmente e não enfrentou problemas, além das dificuldades cotidianas, para ir ao trabalho ou à escola. Mais de 80% dos ônibus que atendem à Região Metropolitana estavam em operação. O sistema de trens também funcionou sem muitos atrasos. Mas as marcas da mais intensa série de ataques do crime organizado contra o sistema de transporte, ontem, ainda podiam ser vistas nas principais vias da Zona Oeste da capital fluminense. Em retaliação à morte de um líder de milícia, 35 ônibus e cinco veículos articulados do BRT (transporte expresso por vias exclusivas) foram incendiados, além de uma estação de embarque.
O governador Cláudio Castro depois de passar a noite em reuniões e conversas com aliados políticos e autoridades do governo federal, disse, no início desta manhã, que o problema das organizações criminosas — que chamou de “máfias” — “não é mais um problema do Rio de Janeiro, é um problema do Brasil”. Segundo ele, “não são mais organizações criminosas pontuais que estão aqui ou ali, são verdadeiras máfias alastradas pelo Brasil inteiro”.
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Na entrevista, o governador informou que o Rio de Janeiro abriga milicianos de, pelo menos, 12 estados. Doze também foi o número de detidos pela polícia na reação aos ataques ao sistema de transporte público. Desses, seis foram liberados por falta de provas. Os demais responderão por vários crimes, inclusive terrorismo. Na manhã de hoje, mais dois suspeitos foram presos por envolvimento nos incêndios de segunda-feira.
Cláudio Castro disse que as forças de segurança do estado “chegaram muito perto” de capturar o principal suspeito de liderar os ataques, o miliciano Zinho. Veículos blindados, helicópteros e drones estão sendo usados para localizar lideranças das milícias que aterrorizam a população de comunidades da Região Metropolitana do Rio. O efetivo policial foi todo posto em estado de “alerta máximo”. "A orientação é ter toda a força do Rio de Janeiro nas ruas", declarou ele, que citou blindados, helicópteros, viaturas e drones em "alerta máximo". Sobre a possibilidade de o governo federal decretar uma nova intervenção no estado, Castro disse que “não vê” motivos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ajuda federal e citou o papel das Forças Armadas. Disse, em declaração na manhã de hoje, que "o problema da violência no Rio de Janeiro termina sendo um problema do Brasil” e reafirmou que as polícias Federal e Rodoviária Federal, além das Forças Armadas, podem colaborar com o enfrentamento ao crime organizado. Citou que a Aeronáutica pode “ter uma intervenção maior nos aeroportos do Rio”, e a Marinha, “uma intervenção maior nos portos”. Medidas, segundo o petista, “para ver se a gente consegue combater mais o crime organizado, o narcotráfico, o tráfico de armas”. O presidente admitiu: “Vamos ter que agir um pouco mais”.
Nesta quarta-feira (25), o governador fluminense irá a Brasília para conversar com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e com os presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). "Ou a gente endurece a legislação, como outros locais do mundo fizeram, ou a gente vai ter essa mistura de México com Colômbia que está se tornando a segurança pública", explicou Castro para justificar as agendas com os chefes do Poder Legislativo.
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