8 de janeiro

Com Silvinei, Polícia Rodoviária dá guinada e radicaliza

Ex-diretor da PRF foi o primeiro convocado para depor à CPMI. Apoiador de Bolsonaro, fez campanha no dia do segundo turno da corrida eleitoral — quando, também, operações no Nordeste tentaram impedir eleitores de votar

Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, em cerimônia no Palácio do Planalto.
     -  (crédito: Carolina Antunes/PR)
Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, em cerimônia no Palácio do Planalto. - (crédito: Carolina Antunes/PR)
postado em 23/10/2023 03:55

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, não à toa foi o primeiro convocado para depor à CPMI do 8 de janeiro. Ele jamais escondeu o alinhamento político com Jair Bolsonaro e produziu uma fartura de evidências disso. Somente no segundo turno das eleições de 2022, dois episódios que o envolvem chamaram a atenção: o primeiro, em que usa as redes sociais pessoais pedindo votos para o ex-presidente; o segundo, as blitzes realizadas pela PRF no Nordeste — onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva liderava por larga margem — numa tentativa de impedir que eleitores comparecessem às zonas de votação.

O relatório final da CPMI deixa claro que a guinada da corporação na direção do bolsonarismo se intensificou sob o comando de Silvinei. "É fácil concluir que a PRF, com um diretor-geral estritamente alinhado à ideologia do bolsonarismo, era um órgão essencial para a pretensão de manutenção indiscriminada no poder", salienta o documento.

Desde o início dos trabalhos da CPMI, a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) conectou a atuação da PRF aos episódios que desencadearam nos atos de vandalismo do 8 de janeiro. Para a senadora, o desvio de finalidade da corporação faz parte daquilo que classificou como "roteiro golpista".

A reorientação ideológica da PRF começou com alterações nos cursos oferecidos pela corporação, dos quais foram retiradas matérias relacionadas aos direitos humanos. "Ao tempo em que praticamente eliminou a disciplina do curso de direitos humanos da formação de agentes, a PRF também extinguiu as comissões Nacionais, Regionais e as Bases Descentralizadas de Direitos Humanos, substituindo por estruturas meramente operacionais, como comprova a portaria DG/PRF nº 456, de 3 de maio de 2022, assinada por Silvinei Vasques", destaca o relatório da CPMI.

Sobre as acusações contra a PRF que constam no documento final da comissão de inquérito, a corporação disse ao Correio que "aguarda ser notificada oficialmente para se manifestar. Ao mesmo tempo, informa que está à disposição para colaborar com as investigações".

 


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