8 de janeiro

Bolsonaro entrega documento e não depõe à PF

À saída, cercado por repórteres, ex-presidente ataca relatório de CPMI, se esquiva sobre depoimento de Mauro Cid e afirma que discutiu GLO com militares — mas sem intenção de dar um golpe

Bolsonaro: mensagens aos empresários eram de conhecimento geral -  (crédito:  Valter Campanato/Agência Brasil)
Bolsonaro: mensagens aos empresários eram de conhecimento geral - (crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)
postado em 19/10/2023 03:55

O ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou, ontem, à Polícia Federal um documento por escrito no inquérito que o investiga sobre a troca de mensagens com o empresário Meyer Negri, com incitações a um golpe de Estado. À saída, cercado pelos jornalistas, criticou a aprovação do relatório elaborado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), na CPMI do 8 de janeiro, e admitiu que discutiu com auxiliares militares a decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) — mas, segundo ele, sem intenções golpistas.

Sobre o inquérito no qual Nigri é investigado, Bolsonaro admitiu a troca de mensagens com o empresário. "As mensagens que eu passei, grande parte eram da própria imprensa. E a opção dos advogados é entregar as razões de defesa por escrito, continuar batendo na tecla da competência, que não é do Supremo (Tribunal Federal) nesse caso. Advogados entendem que é primeira instância. E sempre tivemos prontos para colaborar", afirmou.

Indagado pelos repórteres, o ex-presidente disse desconhecer o conteúdo da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e se esquivou sobre a suposta articulação de um golpe de Estado. "Não sabemos nem se é uma delação ou uma colaboração. Vocês me acusam de querer dar golpe desde janeiro de 2019, quando assumi (a Presidência), e também antes, lá atrás. Tanto é que o relatório da CPMI cita fatos do século passado, como sendo golpista", afirmou.

Segundo o ex-presidente, existia a possibilidade de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) durante as eleições, "no caso de um distúrbio". "Sou responsável por tudo aquilo que eu assinei", observou. Indagadado se tinha discutido com militares sobre um golpe contra a posse de Lula, desafiou: "Você viu a movimentação de um soldado por aí?".

Na entrevista, Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente, disse mais de uma vez que a eleição é "página virada" e tentava fazer Bolsonaro ir embora — mas acabou sendo repreendido por isso.

Novas ações

O Tribunal Superior Eleitoral começa a julgar, na próxima semana, ações de investigação eleitoral que miram Bolsonaro e lives realizadas no Sete de Setembro do ano passado. Na terça-feira, o TSE rejeitou outras três ações que acusavam o ex-presidente e o vice na chapa à reeleição, Walter Braga Netto, de abuso de poder.

Duas das ações arquivadas nesta semana foram apresentadas pelo PDT e uma terceira pela coligação do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Bolsonaro foi acusado de usar a estrutura do Palácio do Planalto para a realização de lives no YouTube com fins políticos e em benefício próprio. Outra acusação apontou abuso de poder por usar a estrutura do Palácio da Alvorada para se reunir com cantores sertanejos, na véspera das eleições.

De acordo com a ação protocolada no TSE, a reunião que contou com a presença dos artistas teve apenas objetivo eleitoral e, inclusive, foi transmitida pela internet. As imputações foram avaliadas por meio de ação de investigação judicial eleitoral (Aije). O relator, ministro Benedito Gonçalves, entendeu que não há provas suficientes de irregularidade.

As três ações que estão na pauta foram propostas, respectivamente, pela coligação do então candidato Lula, pela ex-candidata à Presidência Soraya Thronicke (União Brasil) e pelo PDT. O tema está na pauta da sessão do dia 24. (Com Agência Estado e colaboração de Mayara Souto)

 

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