Confirmando aquilo que estava anunciado, os bolsonaristas apresentaram, ontem, um voto em separado ao relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) para o fechamento dos trabalhos da CPMI do 8 de janeiro. Nenhum integrante do governo anterior foi incluído no documento dos oposicionistas, que tentam enredar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) e o ex-diretor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias. Para o grupo, tratou-se de uma trama — e não uma tentativa de golpe — de incitação ao vandalismo contra as sedes dos Três Poderes a fim de tirar proveito político.
As chances de o voto em separado dos bolsonaristas ser aprovado são consideradas nulas, uma vez que a CPMI tem maioria governista. A ideia, porém é marcar posição contra o governo atual e tentar emparedar Eliziane e desacreditá-la — acusam-na de ajudar o general GDias no depoimento que prestou à comissão.
Em um documento de mais de 300 páginas, os bolsonaristas pediram pelo indiciamento de Lula, citado pelo menos 80 vezes no voto em separado, de Dino e de GDias. Mas eles não foram os únicos que, para os parlamentares alinhados com o ex-presidente, estariam envolvidos na suposta trama golpista do atual governo. Citam também o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha; o coronel Klepter Rosa Gonçalves, ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), promovido pelo então interventor Ricardo Cappelli; e o tenente-coronel Paulo José Ferreira de Souza Bezerra, ex-chefe interino do Departamento Operacional da PMDF.
O texto é assinado pelos deputados Abilio Brunini (PL-MT), Alexandre Ramagem (PL-RJ), André Fernandes (PL-CE), Marcos Feliciano (PL-SP), Maurício Marcon (Podemos-RS), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Rodrigo Valadares (União-SE). Também respaldam o voto em separado os senadores Cleitinho (Republicanos-MG), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE), Esperidião Amin (PP-SC), Filipe Barros (PL-PR), Jorge Seif (PL-SC), Magno Malta (PL-ES) e Marcos Rogério (PL-RO).
"Esse relatório da relatora (Eliziane Gama) é muito mais uma fantasia do que um documento oficial. Muitas pessoas expostas, vidas arruinadas, muita narrativa, tudo isso para atingir um só homem: Jair Bolsonaro. Nós, da oposição, estamos apresentando esse relatório, porque ele restabelece a verdade. A verdadeira história do dia 8 de janeiro vai ser contada", comentou Malta.
Para os bolsonaristas, as ações dos vândalos não poderiam ser consideradas um golpe, pois foram "democráticas e desejáveis em um Estado de Direito". Afirmam, ainda, que houve uma "visível instrumentalização dos atos de 8 de janeiro pelo governo Lula".
"Durante a CPMI, por muitas vezes os parlamentares signatários deste voto em separado afirmaram e reafirmaram que a narrativa de golpe de Estado era absolutamente fantasiosa, pois se trata de crime impossível. Não se realiza golpe de Estado e nem se turba o exercício de poderes constituídos sem armas, sem qualquer apoio proveniente dos próprios poderes constituídos, e em um domingo", diz o voto dos bolsonaristas.
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