8 de janeiro

Relatório da CPI indicia Bolsonaro e generais; entenda

Documento atribui ao ex-presidente construção do golpe com beneplácito dos militares. Votação será hoje e, ao contrário da de ontem, estimativa é de que se assistam novos embates entre governistas e bolsonaristas

Eliziane leu as mais de mil páginas sem interrupções. Mas, para hoje, espera-se clima de guerra na sessão -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Eliziane leu as mais de mil páginas sem interrupções. Mas, para hoje, espera-se clima de guerra na sessão - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
postado em 18/10/2023 03:55

A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, Eliziane Gama (PSD-MA) apresentou, ontem, o relatório da conclusão dos trabalhos do colegiado. Em mais de 1,3 mil páginas, o documento atribui ao ex-presidente Jair Bolsonaro a arquitetura de uma tentativa de golpe de Estado, cujo ápice foi o a invasão e o vandalismo às sedes dos Três Poderes. E aponta os principais generais do Exército que o cercavam como ativos participantes na tentativa de interromper a normalidade democrática no país.

O relatório indicia Bolsonaro por associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. De acordo com o documento, o ex-presidente "nunca nutriu simpatia por princípios republicanos e democráticos". Acusa-o, ainda, de manipular a "massa" com um "discurso de ódio". "Tentou-se corromper, obstruir e anular as eleições. Um golpe de Estado foi ensaiado e, por fim, foram estimulados atos e movimentos desesperados de tomada de poder. O 8 de janeiro é obra do que chamamos de 'bolsonarismo'", afirmou Eliziane.

Chamou a atenção na sessão que a leitura do relatório foi acompanhada em silêncio, tal como aconteceu, também, na apresentação do voto em separado dos bolsonaristas e do senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Para hoje, quando os três serão levados à votação, não se espera a mesma calmaria.

No relatório, a senadora afirma que o 8 de janeiro não foi um ato isolado, mas sim uma "mobilização idealizada, planejada e preparada com antecedência", com "autoria intelectual" de Bolsonaro. Por isso, o texto pede o indiciamento de 17 bolsonaristas apontados como financiadores.

Outros 167 nomes foram citados pela senadora no relatório (saiba quem são os principais deles no quadro abaixo). Além das sugestões de indiciamento, Eliziane também pediu "aprofundamento das investigações" para 106 suspeitos de envolvimentos nos atos que antecederam o 8 de janeiro, como os acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília; os ataques na capital, em 12 de dezembro, quando um grupo de baderneiros tentou invadir a sede da Polícia Federal (PF); a bomba colocada em um caminhão-tanque, próximo do aeroporto de Brasília, na véspera do Natal de 2022; e os bloqueios de rodovias após o segundo turno das eleições presidenciais do ano passado.

Os Artíficios
Os Artíficios (foto: Corrreio)

Entre os investigados, a relatora sugeriu que "autoridades competentes" fizessem apurações mais detalhadas sobre as supostas omissões do governador Ibaneis Rocha em 8 de janeiro. Porém, ao Correio, ele afirmou estar "muito tranquilo" sobre o relatório final da CPMI e que não existem provas.

"Fiz depoimento espontâneo na Polícia Federal, sofri uma busca e apreensão em todos os meus endereços, entreguei meus telefones e computadores, também espontaneamente. E nada foi encontrado contra mim e meus atos. É ter paciência e esperar o tempo da Justiça", salientou Ibaneis.

Alvo dos bolsonaristas, o general Gonçalves Dias, ex-diretor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi poupado por Eliziane. Para ela, a conduta de GDias não poderia se igualar "à de seus subordinados" porque ele estava no cargo há apenas sete dias.

 

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