8 de janeiro

Citado por relatora da CPMI, Garnier garantiu ser "democrata convicto"

Ex-comandante da Aeronáutica de Bolsonaro é acusado de golpe de Estado e de abolição violenta da democracia. Pedido de indiciamento consta no relatório da senadora Eliziane Gama

Relatório da CPMI pede indiciamento de militar por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e associação criminosa -  (crédito: Marcos Corrêa/PR)
Relatório da CPMI pede indiciamento de militar por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e associação criminosa - (crédito: Marcos Corrêa/PR)
postado em 17/10/2023 16:20 / atualizado em 17/10/2023 16:22

Com pedido de indiciamento no relatório final de Eliziane Gama (PSD-MA), acusado de "colaboração decisiva" nos atos golpistas de 8 de janeiro, o almirante Almir Garnier Santos se denomina um "democrata e legalista convicto". Nas conclusões da relatora, divulgadas nesta terça-feira (17/10), o ex-comandante da Marinha do governo de Jair Bolsonaro (PL) é acusado de três crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e associação criminosa.

Garnier também apareceu na delação premiada do ex-tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, por supostamente ter aderido à ideia de um golpe militar.

Em julho de 2022, a três meses das eleições presidenciais e em plena discussão no Congresso Nacional da adoção do voto impresso, Garnier, que defendia o uso desse sistema nas urnas eletrônicas, garantiu ser um "democrata e um legalista convicto". Foi durante uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores, naquele dia, na presença do então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e dos outros dois comandantes, do Exército e da Aeronáutica.

Por ter dado declarações dúbias e colocado em dúvida a Justiça Eleitoral, Garnier foi cobrado pelos parlamentares. Negou a acusação e ainda afirmou que admira um político que foi da esquerda, Aldo Rebelo, durante muitos anos do PCdoB, ministro da Defesa de Dilma Rousseff por sete meses e que ocupou outras pastas com a ex-presidente e também na gestão de Lula. Aldo é conhecido por suas posições nacionalistas, o que agrada aos militares.

"Sou um marinheiro apaixonado e, ao mesmo tempo, sou um democrata e legalista convicto. No início, sem nenhuma provocação anterior, fiz referência ao apreço que eu tenho por um dos grandes representantes da esquerda deste país, o nosso ex-ministro Aldo Rebelo. Então, para mim, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa", disse Garnier naquele dia.

Urnas eletrônicas

Sobre as urnas eletrônicas, ele afirmou que nenhum sistema digital está imune a falhas. "Eu sou brasileiro, tenho direito a ter opinião. Ninguém vai dizer que eu não tenho direito a ter opinião", disse o militar.

E seguiu: "É assim, como disse o nosso ministro, em qualquer sistema digital. Não é característica de um ou outro sistema digital ser imune a falhas, a sabotagens, a erros. Nada disso está garantido por decreto. Tudo isso tem que ser comprovado".

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação