Com pedido de indiciamento no relatório final de Eliziane Gama (PSD-MA), acusado de "colaboração decisiva" nos atos golpistas de 8 de janeiro, o almirante Almir Garnier Santos se denomina um "democrata e legalista convicto". Nas conclusões da relatora, divulgadas nesta terça-feira (17/10), o ex-comandante da Marinha do governo de Jair Bolsonaro (PL) é acusado de três crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e associação criminosa.
Garnier também apareceu na delação premiada do ex-tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, por supostamente ter aderido à ideia de um golpe militar.
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Em julho de 2022, a três meses das eleições presidenciais e em plena discussão no Congresso Nacional da adoção do voto impresso, Garnier, que defendia o uso desse sistema nas urnas eletrônicas, garantiu ser um "democrata e um legalista convicto". Foi durante uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores, naquele dia, na presença do então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e dos outros dois comandantes, do Exército e da Aeronáutica.
Por ter dado declarações dúbias e colocado em dúvida a Justiça Eleitoral, Garnier foi cobrado pelos parlamentares. Negou a acusação e ainda afirmou que admira um político que foi da esquerda, Aldo Rebelo, durante muitos anos do PCdoB, ministro da Defesa de Dilma Rousseff por sete meses e que ocupou outras pastas com a ex-presidente e também na gestão de Lula. Aldo é conhecido por suas posições nacionalistas, o que agrada aos militares.
"Sou um marinheiro apaixonado e, ao mesmo tempo, sou um democrata e legalista convicto. No início, sem nenhuma provocação anterior, fiz referência ao apreço que eu tenho por um dos grandes representantes da esquerda deste país, o nosso ex-ministro Aldo Rebelo. Então, para mim, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa", disse Garnier naquele dia.
Urnas eletrônicas
Sobre as urnas eletrônicas, ele afirmou que nenhum sistema digital está imune a falhas. "Eu sou brasileiro, tenho direito a ter opinião. Ninguém vai dizer que eu não tenho direito a ter opinião", disse o militar.
E seguiu: "É assim, como disse o nosso ministro, em qualquer sistema digital. Não é característica de um ou outro sistema digital ser imune a falhas, a sabotagens, a erros. Nada disso está garantido por decreto. Tudo isso tem que ser comprovado".
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