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Reginete Bispo: "Igualdade salarial é fundamental na luta contra violência"

A deputada federal Reginete Bispo (PT-RS) abordou, em entrevista ao Correio, temas como luta contra a violência de gênero, legislação, igualdade salarial para frear violência e representação política

Para deputada, aumento de feminicídios mostra necessidade de urgência nas ações efetivas para o combate à violência de gênero em todas as suas formas -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Para deputada, aumento de feminicídios mostra necessidade de urgência nas ações efetivas para o combate à violência de gênero em todas as suas formas - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
postado em 10/10/2023 18:07 / atualizado em 10/10/2023 18:10

O Brasil comemora o Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, celebrado nesta terça-feira (10/10), em meio ao aumento do número de crimes de gênero. No Distrito Federal, de acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), desde janeiro, 27 mulheres perderam suas vidas na capital, das quais 25 vítimas de feminicídio. Essa realidade destaca a necessidade de urgência para ações efetivas de combate à violência de gênero em todas as suas formas.

Para tratar do tema, o CB.Poder — uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília — de hoje convidou a deputada federal Reginete Bispo (PT-RS), que enfatiza no programa, às jornalistas Ana Maria Campos e Denise Rothenburg, a importância de a lei do feminicídio ser aplicada de forma mais rigorosa, visto que essa legislação é relativamente recente.

Ela, ainda, aponta a necessidade de um “processo educativo de formação” para empoderar as mulheres, reconhecendo-as como detentoras de direitos, autonomia sobre seus corpos e destinos. “Isso faz com que os homens, que não têm uma formação adequada de respeito às mulheres, sintam-se donos e proprietários de nossos corpos”, disse.

Confira a entrevista na íntegra:

 

A sociedade ainda carrega estereótipos sobre o papel da mulher. É o que alerta a parlamentar, durante a entrevista. A petista lembra que muitos homens não respeitam o sexo feminino, o que reflete em situações de feminicídio quando a mulher tenta, por exemplo, romper um relacionamento abusivo. A violência de gênero foi evidenciada em decisões recentes, como a proibição pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto, do uso da tese de legítima defesa da honra para justificar a absolvição de condenados por feminicídio.

“O homem diz ‘se não for minha, ela está morta’. E isso faz parte da história do nosso país. Foi revogada no Código Penal a lei que dizia que o homem podia matar em defesa da honra. Então, isso está muito impregnado na nossa cultura. Precisamos reverter no ponto de vista da educação e também do Judiciário”, apontou Reginete.

A deputada também aborda questões relacionadas às mulheres negras, que historicamente foram exploradas no mundo do trabalho. Ela ressalta a importância da autonomia financeira das mulheres, mas também observa que a política de ideologia de gênero, utilizada pela direita, tem sido usada para limitar os direitos do sexo feminino. ”Eu acho impressionante como são sempre os homens que estão defendendo essas legislações. A mulher deixa de existir nesse cenário”, pontuou.

Desigualdade salarial

Além disso, Reginete destacou a desigualdade salarial como uma questão urgente, visto que as mulheres, especialmente as negras, continuam ganhando menos que os homens em funções semelhantes. Isso afeta não apenas a independência financeira das mulheres, mas aumenta o risco de violência de gênero.

“A igualdade salarial é fundamental, a maioria de nós mulheres exerce a mesma função que os homens e, uma mulher branca ganha em torno de 70% do que esse homem branco ganha, se for uma mulher negra, ganha de 50% para menos. Isso é uma forma também de enfrentar as desigualdades e a violência contra mulher”, explicou.

Embora as mulheres constituam mais da metade da população brasileira, a representação do gênero na política ainda é minoria. Para mudar esse cenário nos espaços de poder, a deputada festeja os diversos movimentos pela presença de mulheres na política, que, segundo ela, realizam uma transformação nas contestações de questões. Ela observa, porém, que as mulheres ainda enfrentam violências e ameaças em suas posições políticas, destacando a luta contínua contra a violência de gênero.

Ministra negra

Por fim, a deputada expressa a esperança de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indique uma mulher negra para o Supremo Tribunal Federal, rompendo, segundo ela, com barreiras históricas de racismo institucional. A nomeação representaria um passo na promoção da equidade de gênero e racial no Brasil.

“O presidente vai ter muito autonomia para indicar quem ele acha que é importante que esteja lá, mas eu quero dizer que o presidente Lula tem que confiar em nós mulheres negras, nós temos mulheres preparadíssimas competentes para atender as necessidades do povo brasileiro”, argumentou. “Se o presidente Lula indicar uma mulher negra, ele vai fazer história nesse país, vai romper com uma barreira do racismo estrutural institucional que nos impede de estar ali”, emendou.

*Estagiária Vitória Torres sob a supervisão de Andreia Castro

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