O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e a equipe do PL Mulher foram a um cinema em Brasília, na quinta-feira (5/10), para assistir Som da Liberdade, filme bastante divulgado por figuras da extrema-direita.
Por meio dos stories nas redes sociais, Michelle agradeceu o convite do promotor de eventos Heverton Fernandes e escreveu: "Uma história real, triste e cruel, infelizmente também é a realidade do nosso Brasil", apontou.
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O polêmico filme Som da liberdade, dirigido por Alejandro Monteverde e produzido por Eduardo Verástegui, promete causar muito bate-boca. Gravado em 2018, barrado pela Disney e lançado apenas em julho deste ano nos Estados Unidos, pela distribuidora cristã Angel Studios, o longa é revolto de um enredo mirabolante de teor conspiratório, endossado por figuras influentes da extrema-direita norte-americana, como Donald Trump e Ben Shapiro.
A história traz a aventura do ativista Tim Ballard na tentativa de resgatar uma criança vítima de tráfico humano. O problema é que o ex-agente do FBI, inspirador do enredo, afirma que havia participado de forma central e heroica no caso, o que, segundo os registros judiciais, e a apuração da revista Vice, não corresponde à realidade dos fatos, exagerados de maneira mirabolante por ele. A ONG que Ballard fundou mais tarde, Operation Underground Railroad (OUR), responsável por supostas ações paramilitares de combate ao tráfico humano, também foi contestada pelas reportagens, visto que os resultados desse trabalho jamais foram verificados. Ironicamente, Ballard também é alvo de acusações de má-conduta sexual feitas por sete ex-colegas de trabalho.
A acusação mais frequente contra o filme, no entanto, tem sido de distorcer casos reais de tráfico humano para respaldar teorias conspiracionistas da corrente QAnon, responsável pela Invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Surgido na extrema-direita dos EUA e difundido entre trumpistas, o movimento crê na existência de uma elite satânica e canibal, que supostamente operaria uma rede global de tráfico sexual infantil. A hipótese entretanto é tida como absurda por pesquisadores, visto que nunca se provou fundamentada em acontecimentos factuais.
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