No mesmo dia em que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciava, em Salvador, investimentos de R$ 109 milhões para combater a onda de violência que vem varrendo a Bahia, seis pessoas de uma mesma família eram assassinadas dentro de casa, em Jequié, município no interior do estado. Somente em setembro, em confrontos policiais, foram mais de 70 mortes e outubro, a princípio, começa da mesma maneira.
Segundo o registro da Polícia Militar, em um bairro conhecido por abrigar caravanas de ciganos, uma família foi surpreendida por criminosos que invadiram a residência e fizeram vários disparos. As vítimas são Natiele Andrade de Cabral, de 22 anos — que estava grávida de nove meses; Laiane Andrade Barreto, de cinco anos; Elismar Cabral Barreto, de 23; Sulivan Cabral Barreto, de 35; Maiane Cabral Gomes, de 45; e Lindivoval de Almeida Cabral, de 66.
A motivação dos assassinatos ainda é desconhecida. A investigação usará imagens de câmeras de segurança ao redor da residência onde ocorreu a chacina para tentar identificar os matadores e colher pistas que possam indicar a razão do crime.
Jequié é considerada a cidade mais violenta do Brasil, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O município tem uma taxa de 88,8 homicídios por 100 mil habitantes. Três dias antes da chacina de ontem, dois homens foram mortos em confronto com policiais militares na cidade — segundo a PM, eles estavam armados e reagiram à abordagem dos agentes.
As autoridades de segurança atribuem a alta da criminalidade à disputa por território entre as facções criminosas que atuam no estado. Para tentar conter a onda de violência que há mais de um mês assusta os baianos, Dino encontrou-se com o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), para anunciar investimentos em infraestrutura e inteligência na Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA).
Recursos
Serão R$ 109 milhões para obras na instalação de novas unidades da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal no estado, compra de viaturas e atendimento de jovens e mulheres vítimas da violência — entre outros investimentos. Dino, porém, atribuiu a disparada na brutalidade à facilitação no acesso às armas, promovida pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Essas armas foram para o feminicídio, foram para a violência no trânsito, no bar, na família. Essas armas foram desviadas para fortalecer quadrilhas, porque barateou o acesso a armas no Brasil", acusou.
Na segunda-feira, o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou o Programa Nacional de Enfrentamento a Organizações Criminosas. A integração entre as polícias é uma das premissas do programa e uma aposta de Dino.
"As ações das polícias estaduais, no que se refere ao policiamento ostensivo e investigativo, com o fortalecimento da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, devem produzir os efeitos que nós esperamos", previu. (Com Agência Estado)
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