Dado o histórico de ameaças e ataques aos políticos do PSol, candidatos e filiados, o partido criou, durante a campanha eleitoral do ano passado, uma Secretaria de Segurança Militante. O partido reuniu durante um dia, na véspera da eleição, 20 vereadoras e deputadas — a maioria mulheres negras e LGBTs — que fizeram relatos de perseguição e discutiram os cuidados a serem adotados junto às autoridades de segurança e da Justiça.
A esses casos, se somaram depoimentos de parlamentares que falaram sobre a relação conflituosa com alguns setores no Congresso Nacional, principalmente depois da eleição de 2018, quando a extrema direita ganhou espaço na Câmara e no Senado, no rastro da vitória de Jair Bolsonaro (PL).
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O PSol é um partido no qual parcela de seus integrantes convivem com ameaças, em especial nas redes sociais. Quem transita pelos corredores do Congresso testemunha, desde a legislatura passada, alguns deputados do PSol circularem pelos corredores da casa acompanhados por um segurança, geralmente policial legislativo, que cola em cada passo de seu protegido. Nem sempre é uma circunstância agradável, mas uma medida necessária. A razão desse cuidado são ameaças que os políticos recebem, boa parte nas redes sociais.
A desmedida perseguição a políticos do PSol teve no assassinato da vereadora Marielle Franco, do Rio, em março de 2018, seu pior exemplo de intolerância. O caso segue ainda sem o pleno esclarecimento.
Sobrevivente do atentado, a jornalista Fernanda Chaves, que estava no carro ao lado de Marielle naquele início de noite, acaba de lançar um livro (Marielle Franco, nesse lugar da política, um mandato interrompido), lembrando a carreira curta e com muitas histórias da ex-vereadora, que assessorou o ex-deputado Marcelo Freixo, outro que foi ameaçado de morte por atuar contra o crime organizado quando deputado estadual no Rio pelo PSol. Hoje ele está no PSB.
Entre filiados, militantes e parlamentares do PSol, os relatos envolvem casos de racismo, assédio, ameaças e agressões e muita perseguição, nas redes e fora delas.
Num documento que o partido elaborou na época, a constatação foi a de que muitos desses crimes não são investigados e sequer há punição. "Mesmo que todos os casos tenham sido denunciados e investigados — alguns já são inquéritos em andamento —, essas violências se multiplicam à medida que não há a responsabilização devida aos agressores."
Importunação contra mulheres
A legenda argumentou que suas parlamentares são alvo de violência política jamais vista contra um partido desde a redemocratização. Os tipos de violência contra integrantes da sigla se misturam com as agressões e importunações contra as mulheres. Caso da ex-vereadora Isa Penna, de São Paulo, hoje deputada estadual. Era do PSol, e hoje está no PCdoB. Penna já foi chamada de "terrorista" e de "vagabunda" pelo vereador Camilo Cristófaro, em 2017. Há duas semanas, ele teve seu mandato cassado por falas racistas.
Penna também foi exposta pelas câmeras da Assembleia Legislativa, em dezembro de 2020, numa cena que indignou o país. Um de seus colegas de parlamento, Fernando Cury, que era do Cidadania e foi expulso do partido, foi flagrado passando apalpando os seios da então vereadora no plenário. Ele teve o mandato suspenso por quatro meses e responde na Justiça por importunação sexual.
Durante a campanha, o PSol enviou ofício a tribunais superiores, a Justiça Eleitoral e também comissões de direitos humanos do Congresso e de organismos internacionais, alertando sobre essa violência política.
Entre os parlamentares e políticos do PSol que circulam, ou já circularam com seguranças, estão Marcelo Freixo, Talíria Petrone e Jean Wyllys.
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