O empresário do ramo do agronegócio Argino Bedin decidiu ficar calado em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de 8 de janeiro. O ruralista teve o direito ao silêncio assegurado por habeas corpus concedido pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A defesa do bolsonarista pediu ao Supremo para não comparecer à CPMI, mas teve essa parte do habeas corpus negada. Com o silêncio assegurado, Bedin abriu mão dos 15 minutos iniciais, dos quais tem direito no início do depoimento. Quando a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) começou a fazer as perguntas sobre a relação do empresário com os atos do 8 de janeiro, contudo, o depoente informou que permaneceria em silêncio.
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Lista de parentes
O bolsonarista se negou a responder até se conhecia alguns de seus familiares, como Roberta Bedin, filha do empresário; Sérgio Bedin e Ary Pedro Bedin, primos; e Nilson Bedin, sobrinho. Entretanto, o presidente da Comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), interferiu e ressaltou que a ordem judicial permite o silêncio apenas em questões que podem ser incriminadoras, o que não inclui se isentar de responder se conhece algumas pessoas. “Estão perguntando se o senhor conhece, ao que me parece, um parente do senhor. Se ficar calado, o senhor vai estar negando a resposta de uma situação óbvia, não tem nada que possa incriminá-lo em dizer se conhece um familiar”, esclareceu Maia.
Esses nomes dos quais Bedin se recusou a dizer se conhece estão em um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) citados como pessoas que teriam fornecido caminhões para manifestantes bloquearem rodovia, em ato de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após o resultado do segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
Argino Bedin é suspeito de ser um dos financiadores dos atos golpistas. Após investigações apontarem que ao menos 15 dos caminhões que se deslocaram até Brasília e se instalaram próximo ao Quartel-General do Exército, na capital, pertenciam a uma das 12 empresas das quais o bolsonarista é sócio, o STF bloqueou as contas do empresário.
O “pai da soja” é dono de 13 fazendas em Sorriso, no Mato Grosso, região conhecida como a capital mundial do agronegócio e a maior produtora individual de soja do mundo. Essas terras somam 16 mil hectares de extensão e as atividades desempenhadas por Bedin renderam a ele e a sua família um patrimônio milionário. O empresário é apoiador de Bolsonaro, a quem ele jurou defender “até debaixo d’água”. Ele doou R$ 160 mil para a campanha de reeleição do ex-presidente, além de grandes quantias de dinheiro para o Partido Liberal (PL).
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