Um dos principais cotados para o Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que não pensa em deixar a pasta para fazer parte da Corte.
Dino sustentou que esse debate sobre quem deve ser indicado para o STF é algo que não passa pela cabeça dele.
"Desde o início dessas especulações, que vêm há alguns anos, guardei uma postura de absoluto silêncio em relação a essa temática", frisou, durante a assinatura da portaria que cria o programa de Enfrentamento às Organizações Criminosas (Enfoc).
Segundo Dino, um dos motivos para não falar sobre as possíveis indicações ao Supremo é o "profundo respeito" que tem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que foi ele quem o escolheu para assumir o Ministério da Justiça e também é dele a decisão de quem vai assumir a cadeira da Corte.
"Tenho profundo respeito e confiança no presidente Lula. O tempo é dele, a escolha é dele, o critério é dele", ressaltou.
O ministro frisou ter decidido não falar mais sobre o assunto depois que foi criticado por dizer que, se fosse nomeado para o STF, abandonaria a carreira política. "Em razão disso, adotei uma posição: silêncio absoluto sobre o Supremo Tribunal Federal, e esse silêncio é coerente com o que está na minha cabeça."
"Afirmo aos senhores que, em 14 horas que fico dentro deste ministério, todos os dias, o tema que não trato e não penso é em sair daqui", enfatizou. "Qualquer que seja o escolhido, ou escolhida, eu estarei lá no Supremo. Não sei em qual condição, mas estarei assistindo à posse. E nada mais falo sobre o assunto. Nunca mais", completou.
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A vaga no STF vai ser aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, nesta semana. Além de Dino, estão entre os principais cotados o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.
Porém, alas da esquerda, entidades e setores da sociedade civil têm pressionado Lula para que indique uma mulher negra ao cargo, já que, com a saída de Rosa Weber, ficará somente uma mulher na Corte, a ministra Cármen Lúcia.
Mobilizações em prol de maior representatividade no STF têm crescido nos últimos dias. Na semana passada, um grupo de mulheres negras marchou em direção ao Supremo em manifestação pelo enfrentamento ao racismo estrutural. "Ministra negra no STF já", cobravam.
Entre as apontadas para integrar o STF estão a advogada Vera Lúcia Santana Araújo; a juíza da 5ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, Adriana Alves dos Santos Cruz; e a procuradora na Advocacia-Geral da União (AGU) Manuelita Hermes Rosa Oliveira Filha.
Na última sessão como presidente da Corte, na semana passada, Rosa Weber se posicionou a favor dessa bandeira e destacou a aprovação de uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que promove a paridade de gênero na segunda instância.
Em meio aos apelos, Lula já enfatizou que não tem pressa para anunciar quem substituirá Weber e que a decisão não será baseada em critérios de raça e gênero.
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