ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

Condenado por bomba entregará vídeo com 'patriotas', em caso de delação

Advogado de Wellington Macedo afirma que seu cliente tem muito material do QG e da ação de invasão na Polícia Federal

A defesa do blogueiro bolsonarista Wellington Macedo está levando adiante a possibilidade de seu cliente fazer uma delação premiada para tentar obter algum benefício. Ele foi condenado a seis anos de prisão por ter participado da tentativa de explodir uma bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do Natal do ano passado.

Na semana passada, a relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), ventilou essa possibilidade, após depoimento de Macedo na comissão. A parlamentar entende que Macedo tem um "volume significativo de informação, com provas materializadas" de envolvimento de outras pessoas.

"Ele não agia sozinha, havia várias outras pessoas", declarou a senadora, há uma semana. Ela diz haver um entendimento da advocacia-geral do Senado de que a CPMI tem poderes para fazer as tratativas de uma delação.

Na última terça-feira (27/9), o advogado Sildilon Maia, defensor do blogueiro, voltou ao Senado e retomou a conversa, mas com servidores da comissão. Ao Correio, Maia afirmou que Macedo tem "muito material a oferecer", que pode apontar a participação de outros bolsonaristas nos protestos, além de articulações contra o resultado das eleições de 2022.

"Ele (Macedo) tem muito material jornalístico a oferecer. Tem muita filmagem de rua. É um material que identifica muita gente e em alta qualidade. No caso de 12 de dezembro (quando bolsonaristas apedrejaram veículos e tentaram invadir a sede da Polícia Federal), as imagens que ele têm são bem melhores que a da polícia", disse o advogado.

Nesse retorno ao Senado, nesta semana, o advogado não se encontrou com a relatora porque a senadora não estava em Brasília. Mas contou que "trocou ideias" com um secretário das comissões sobre o assunto. "Narrei para ele como podemos encaminhar, marcar novo encontro, mas não entreguei nada ainda. Tem que ver se eles vão se interessar pelo material".

O blogueiro não participou dos atos de 8 de janeiro. Ele estava foragido desde o episódio da bomba, quando se desfez da tornozeleira eletrônica imposta a ele pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2021.

Macedo foi condenado em agosto, em sentença do juiz Osvaldo Tovani, da 8ª Vara Criminal de Brasília, que já havia condenado os outros dois envolvidos no crime, George Washington e Allan Diego.

Para o juiz, houve premeditação na ação dos bolsonaristas, "já que se conheceram no acampamento montado em frente ao QG do Exército". Tovani entendeu também que Macedo não foi um "mero partícipe" e que sua participação não teria sido menos importante. "Pelo contrário. Sem sua atuação, Alan, que estava em frente ao QG do Exército, não colocaria o artefato explosivo no caminhão-tanque que estava estacionado nas proximidades do aeroporto".

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