CPMI do 8 de janeiro

Heleno minimiza Cid e diz que ele não participava de reuniões com militares

Augusto Heleno disse que ajudantes de ordens de presidentes não participam de reuniões com comandantes, ao comentar fala de Cid sobre reunião golpista

Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira disse que não faz sentido afirmar que o tenente-coronel Mauro Cid, enquanto ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), participava de reuniões com comandantes das Forças Armadas. A afirmação foi feita depois que o militar foi questionado, pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA), sobre o teor de algumas alegações de Cid em delação premiada na Polícia Federal.

A senadora Eliziane perguntou ao general se ele teria conhecimento da reunião, de 24 de novembro de 2022, entre os comandantes das Forças Armadas e Bolsonaro, com a presença de Mauro Cid, em que teria sido discutida uma minuta golpista. O ex-ajudante de ordens falou sobre esse encontro à PF. “Eu quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões, ele era o ajudante de ordens do presidente da República. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar numa reunião dos comandantes de Força e participar da reunião. Isso é fantasia”, defendeu Heleno.

“Essa delação premiada do Mauro Cid, estão apresentando trechos dessa delação e me estranha muito porque ela ainda está sigilosa, ninguém sabe ainda o que ele falou”, criticou o general. “Aconteceu nos últimos meses uma supervalorização do papel de auxiliares cujo limite de atuação era muito estreito. É bobagem achar que uma conversa vai arrastar uma multidão de generais para dar um golpe. Isso é um claro desconhecimento de como funciona a hierarquia nas forças armadas”, alegou Heleno em outro momento.

O general esclareceu, momentos depois de negar a participação de Cid, que o ex-ajudante de ordens não sentava à mesa como uma figura que participa ativamente das discussões e tomadas de decisão. Por outro lado, enquanto assessor do presidente, ele se fazia presente nos encontros, enquanto acompanhante. “Mesmo o assistente ou o consultor, existe uma figura dentro do Código Penal que diz que toda pessoa poderá ser testemunha. Então nós temos ali a qualidade de uma pessoa na obtenção de provas, seja uma prova de natureza objetiva, que são as provas técnicas, ou de natureza subjetiva, que é a testemunha. Ele pode ter participado dessas reuniões, não ter tido papel deliberativo, mas tudo que ele presenciou ali, ele vai poder testemunhar”, ressaltou o senador Fabiano Contarato (PT-ES).

“É preciso haver um pouco de senso do que está acontecendo para não haver falsas acusações que são sérias, porque agridem a integridade de alguém. Então é preciso que as acusações sejam um pouco refreadas”, argumentou o general depois que parlamentares refutaram a alegação sobre o Mauro Cid não participar das reuniões.

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