O senador Izalci Lucas (DF) mantém a confiança que a liderança do PSDB na Casa continuará existindo. E isso pode ser explicado por uma questão regimental, o que garantiria ao partido o direito à representação, diversos cargos comissionados, além do conjunto de salas no Salão Azul, ao lado da Presidência da Casa e bem em frente à entrada do Plenário — um espaço privilegiado que os tucanos ocupam desde 1988.
A liderança do PSDB pode estar salva com base em algumas providências tomadas por Izalci. No dia 20, ele protocolou na Mesa do Senado uma solicitação de ampliação de prazo para a recomposição da bancada tucana, em função do recesso parlamentar. O tempo que a Mesa tinha concedido a Izalci para trabalhar e manter a liderança acabou no dia 21.
Nesse mesmo dia 21, ele anunciou a filiação do senador Marcos do Val (Podemos-ES) ao partido. O parlamentar capixaba ficou menos de 24 horas na legenda e desistiu da migração depois de a Executiva Nacional tucana divulgar uma nota informando que não aceitaria a filiação.
Como Do Val completou, oficialmente e ainda que por menos de 24 horas, a bancada tucana — tornando-se, assim, o terceiro parlamentar do PSDB, como atesta o sistema do Senado —, Izalci acredita que conseguirá novo prazo de 90 dias para que consiga recompor o número mínimo de três parlamentares, que garantem a existência da liderança e toda a estrutura necessária para o funcionamento.
Izalci promete apresentar "em breve" um novo nome para recompor a bancada. Faz mistério sobre quem seria esse reforço e assegura que vem conversando com diversos colegas, inclusive alguns do partido de Do Val. Mas, apesar da confiança que passa de que conseguirá recompor o grupo mínimo de senadores do PSDB, o Correio flagrou assessores de Izalci levando pastas e documentos da sala da liderança para o gabinete do parlamentar, no 11º andar do Anexo 1.
Ao Correio, Izalci disse que "fiz minha parte". Mas cobrou empenho do PSDB em solucionar o impasse. Conforme frisou, o objetivo maior não é manter o gabinete da liderança, mas consolidar com o Podemos um novo bloco de oposição.
Desencontro
Izalci lamentou a nota da legenda contra Do Val, atribuída à Executiva Nacional — da qual faz parte —, e diz não ter sido consultado sobre a decisão de barrar o senador capixaba. Sobre as críticas de não ter ouvido os correligionários a respeito da filiação, afirmou que antes de prosseguir com negociação telefonou para a direção do PSDB do Espírito Santo. Garantiu ter conversado com o presidente da legenda no estado, Vandinho Leite, e com o vice-governador Ricardo Ferraço — segundo Izalci, não teriam vetado a entrada de Do Val.
Na cúpula tucana, é clara a antipatia pelo capixaba. "A questão não tem nada a ver com o Podemos, não tem nada a ver com o Izalci. Tem a ver com o Marcos do Val. Ele teve a Polícia Federal (PF) na casa dele. Se (Izalci) trouxer outro senador do Podemos, não tem problema", disse uma fonte do partido.
Apesar do desconforto entre os tucanos, Izalci garantiu que, mesmo tendo recebido "convites de diversos partidos", seguirá como senador do PSDB.
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