O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse já ser possível "vislumbrar" a gravidade dos crimes envolvidos no inquérito sobre possível tentativa de golpe no Brasil. Dino comentou nesta sexta-feira (22/9) a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, que revelou reunião entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas para discutir plano golpista.
Dino visitou hoje o Santuário Nacional de Aparecida, São Paulo, onde conversou brevemente com a imprensa. Questionado sobre possível indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro disse estar preparado, mas ressaltou que ainda não recebeu convite e está focado no trabalho do ministério.
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"É um documento probatório muito forte. A chamada colaboração premiada, segundo a lei brasileira, é um meio de produção de provas, de acesso a provas. Claro que a polícia está fazendo o seu trabalho. Depois, a Justiça. Mas abriu caminhos novos para que todos alcancemos a verdade", avaliou Dino sobre a delação.
O ministro destacou ainda que a Polícia Federal investiga o caso de forma independente, e caberá a Justiça responsabilizar os envolvidos. "Infelizmente, a essas alturas já é possível vislumbrar que muitos crimes graves ocorreram, inclusive essa preparação de um crime que seria um golpe de Estado. Realmente é algo impactante", acrescentou.
Indicação ao STF ainda "não bateu à porta"
Dino é considerado favorito para a vaga da ministra Rosa Weber no STF. Ele, porém, mantém uma campanha discreta. Questionado se aceitaria a indicação, não negou. "Eu me dedico ao Direito a vida inteira. Sou professor, fui juiz. Se o presidente Lula achar que essa é uma missão necessária... claro que eu tenho que conversar com minha família, é uma mudança de vida muito profunda", respondeu.
Ele disse, contudo, que tem um espírito prático e que o "problema" só existe quando bater em sua porta, o que ainda não ocorreu. "Estou focando no trabalho do ministério, marcando agenda já até janeiro do ano que vem", afirmou Dino.