O ministro da Defesa, José Múcio, percebeu que "muita gente não desejava largar o poder" após as eleições do ano passado. Ele comentou nesta sexta-feira (22/9) a suposta adesão do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, a um plano golpista apresentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Múcio disse não saber se o comandante da Marinha "tinha aspirações golpistas". Destacou, porém, que o almirante foi o único a não recebê-lo durante o período de transição. Apesar do risco de um golpe de Estado, o ministro frisou que as Forças Armadas garantiram a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
- Múcio diz que "constrange" envolvimento de militares em plano para golpe
- Em delação, Cid diz que Bolsonaro consultou militares sobre golpe no país
- Análise: Mauro Cid incrimina Bolsonaro e constrange cúpula militar
"Na realidade, a gente percebia que muita gente não desejava sair do poder. Largar o poder. Mas, no dia 1º de janeiro, as Forças Armadas garantiram a posse do presidente, e estamos vivendo a nossa plenitude democrática", comentou o ministro a jornalistas na porta do Ministério da Defesa, após ser questionado sobre Garnier.
Cid delatou plano golpista
Ontem (21), a colunista do O Globo Bela Megale revelou que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, delatou à Polícia Federal que Bolsonaro apresentou uma minuta golpista em reunião com os três comandantes das Forças Armadas. Apenas Garnier teria apoiado a proposta, de acordo com Cid. O plano incluiria prisão de opositores e a realização de um novo pleito. O almirante era o mais alinhado ao bolsonarismo, e questionava as urnas eletrônicas.
"Ele não me recebeu, eu percebia. Os outros comandantes me receberam. Não sei se ele tinha aspirações golpistas, mas a gente via. Os jornais falavam. Era outro governo, outros comandantes, outro presidente da República", respondeu Múcio sobre o almirante.
Após a revelação de Cid, a defesa de Bolsonaro afirmou que o ex-presidente "jamais compactuou com qualquer movimento ou projeto que não tivesse respaldo em lei".