Nova York

Lula diz que sai dos EUA 'feliz' após reunião com Biden

O presidente Lula voltou a falar sobre iniciativas para a elaboração de regras em relação a trabalhadores com plataformas digitais e citou casos no país em que trabalhadores de aplicativos chegaram a usar fralda por conta de condições precárias de trabalho

Após reunião bilateral e do lançamento — junto com o presidente americano Joe Biden — de uma iniciativa global para o avanço dos direitos trabalhistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que sai dos EUA "feliz" e que as agendas são um "sinal de que as coisas estão mudando". "O que aconteceu hoje é uma novidade extraordinária com o presidente do Brasil e dos EUA fazendo o anúncio de uma ação conjunta em defesa do emprego decente", disse.

"Saio do EUA muito feliz porque é um sinal. Ainda não é uma conquista. Apenas um sinal de que as coisas estão mudando, de que EUA e Brasil vão trabalhar mais juntos. A gente quer crescer junto economicamente, a gente quer mais investimento americano no Brasil, mais comércio. Tudo é possível com a gente conversando", disse durante entrevista à imprensa.

"O que nós tomamos foi uma decisão que não é de nenhuma ONG nem de um sindicato. É uma decisão de dois governantes que querem fazer com que os seus mandatos na presidência e o mandato do governo daqui pra frente se preocupem em junto com os trabalhadores criar as condições para que a gente dê uma reversão no mundo do trabalho", completou.

Lula voltou a falar sobre iniciativas para a elaboração de regras em relação a trabalhadores com plataformas digitais e citou casos no país em que trabalhadores de aplicativos chegaram a usar fralda por conta de condições precárias de trabalho.

"No Brasil, por exemplo, estamos com a comissão tripartite em que a gente não está discutindo recuperar as coisas do passado. Estamos muito mais preocupados em criar coisas novas, como é que vai ser a relação capital e trabalho daqui pra frente? Como é que vai ser a relação capital e trabalho no mundo empresarial digitalizado em que as plataformas muitas vezes tratam as pessoas quase como trabalho escravo?".

"Aquela meninada que trabalha de moto ás vezes não tem banheiro para ir, alguns trabalham usando fralda. É inimaginável que em um mundo todo moderno e digitalizado o ser humano é tratado como escória, como se não merecesse respeito", pontuou.

O presidente voltou a elogiar Biden pela "visão em relação ao mundo sindical" e disse que o tema de trabalho decente será discutido nas próximas agendas internacionais.

"Que isso possa ser aprovado num fórum como o g20 de que todos nós governantes vamos cuidar de não permitir que o povo que trabalha seja vítima da insensatez daquele que quer o lucro fácil pagando salários baixos. Sobretudo, a gente tem que falar para o público jovem que está terminado o ensino técnico, que está terminando uma faculdade, que tem o sonho de trabalhar. É preciso que a gente trabalhe para que ele não perca a esperança porque se isso ocorrer tudo mais estará pior".

Por fim, o petista disse ter ciência de que nem todo trabalhador quer carteira assinada, mas que os empreendedores autônomos também precisam da proteção do estado sobre seus direitos.

"Nós sabemos que nem todo trabalhador quer carteira assinada. Tem trabalhador que quer ser empreendedor. Ótimo. Mas a gente se preocupa que mesmo para essas pessoas que querem fazer empreendedorismo é preciso que haja o mínimo de garantia de seguridade social para ele. Porque quando tudo está bem, ótimo. Mas e quando as coisas vão mal? É preciso então que apareça a figura do estado tentando dar uma solução para isso", concluiu.

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