CAMARA DOS DEPUTADOS

Deputado falta enterro do pai para presidir sessão contra união homoafetiva

Fernando Rodolfo (PL) afirmou que não tinha contato com o pai biológico, mas se despediu dele no dia anterior, no velório do homem

Presidente da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, o deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE) fez questão de conduzir a votação do Projeto de Lei (PL) 5167/09 e não participou do funeral de próprio pai, na terça-feira (19/9).

A informação foi confirmada pela assessoria do deputado que afirmou que o parlamentar participou do velório na segunda-feira (18/9), mas que voltou para Brasília para seguir com a agenda na terça-feira (19/9).

“Desde o início desta semana, tenho sido perseguido por setores da sociedade e da imprensa por ter pautado um projeto de lei que trata sobre o casamento homoafetivo na Comissão da Família, que presido com orgulho. Quem me conhece sabe os meus valores e a responsabilidade que tenho em tudo o que assumo, tanto é que tive a confiança do meu partido para exercer tal função.”, disse em nota.

O deputado afirmou que não teve contato com o pai biológico até os 13 anos e informou que os dois "nunca compartilharam de qualquer proximidade familiar". O parlamentar disse, ainda, que esteve no velório para dar o adeus. "De consciência tranquila, e tendo prestado as devidas homenagens, segui para Brasília para conduzir os trabalhos da comissão", informou em nota. 

Entenda o PL

O PL 5167/09 visa estabelecer que a relação entre casais homossexuais não pode ser equiparada ao casamento ou à entidade familiar. O projeto não tem poder de anular casamentos homoafetivos já existentes, caso seja aprovado.

A proposta, originalmente do PL 580/2007, apresentado pelo falecido ex-deputado Clodovil Hernandes, tinha a intenção de alterar o Código Civil para reconhecer o casamento homoafetivo, mas no entanto o texto sofreu alterações substanciais por parte do relator, o deputado federal Pastor Eurico (PL-PE).

Confira a nota na íntegra

"Desde o início desta semana, tenho sido perseguido por setores da sociedade e da imprensa por ter pautado um projeto de lei que trata sobre o casamento homoafetivo na Comissão da Família, que presido com orgulho.

Quem me conhece sabe os meus valores e a responsabilidade que tenho em tudo o que assumo, tanto é que tive a confiança do meu partido para exercer tal função.

Aceito as críticas e estou pronto para o debate. No entanto, tudo tem um limite. No último domingo (17), meu pai biológico, que já enfrentava um sério problema de saúde, faleceu.

A bem da verdade, conheci o meu pai quando tinha 13 anos de idade e nunca compartilhamos de qualquer proximidade familiar. Porém, quando soube do seu estado de saúde, o procurei e levei minha solidariedade. Nesta última semana, ao tomar conhecimento da sua internação, cancelei minhas atividades em Brasília e me ausentei das votações no plenário para acompanhar de perto seu estado de saúde, ficando ao seu lado até o último dia de vida. No dia do falecimento, estive presente em seu velório até a madrugada.

De consciência tranquila, e tendo prestado as devidas homenagens, segui para Brasília para conduzir os trabalhos da comissão.

De forma desrespeitosa, e sobretudo desonesta, tenho sido atacado por pessoas e grupos que não têm conhecimento de minha vida e das humilhações que já passei.

Em respeito aos meus filhos, à minha família e à minha história, registro a minha indignação com o que estão tentando fazer e reitero que não abro mão das minhas convicções e não serei intimidado.

O que está em questão não é o falecimento do meu pai, e sim a minha postura como presidente da comissão."

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