As razões pelas quais o Brasil sempre é o primeiro a discursar nos eventos oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) perpassam pela tradição de o país, em 1947, iniciar as rodadas de discursos na segunda assembleia-geral do grupo. À época, o então ministro das Relações Exteriores, Osvaldo Aranha, foi o primeiro representante a falar no púlpito.
Esse hábito, apenas por motivos culturais, é repetido em todas as assembleia-gerais da ONU.
Teorias
Há uma vertente que explica o fato de o Brasil ter sido o primeiro a discursar na ONU, em 1947, porque à época o país era considerado "neutro" no contexto em que União Soviética e Estados Unidos protagonizavam a Guerra Fria.
Já outra teoria aponta que a iniciativa de alocar o Brasil para abrir os discursos das Nações Unidas foi uma compensação porque o país ficou de fora do Conselho de Segurança da ONU.
Outra vertente também diz que o Brasil teria se oferecido para abrir os discursos porque nenhum país queria falar logo após a criação da ONU.
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Explicação da ONU
Melhor que especular sobre os porquês de o Brasil abrir as assembleia das Nações Unidas, o Correio procurou a própria ONU.
Segundo a Organização das Nações Unidas, em seu site oficial (em inglês), esse protagonismo brasileiro ocorre exatamente como foi escrito no primeiro parágrafo desta matéria: manutenção de costumes.
“Certos costumes surgiram durante o debate geral, incluindo o costume da ordem dos primeiros oradores”, diz a ONU.
O que Lula vai falar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será o primeiro discursar na 78ª Assembleia Geral da ONU. Ele subirá ao púlpito das Nações Unidas, em Nova York, às 10h (9h horário local).
Segundo informações de bastidores, ele vai chamar a atenção do mundo às reformais sociais, ambientais e de ampliação dos seus fóruns internacionais.
Lula falará que, desde seu último ano naquele púlpito, em 2009, o mundo mudou, mas os fóruns internacionais multilaterais relutam em abrir espaço aos emergentes.
O discurso também deverá reforçar a posição histórica da diplomacia brasileira, de que é preciso reformular o sistema de governança dos organismos multilaterais, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Organização Mundial do Comércio (OMC). Até as 20h de ontem, o presidente ainda dava os últimos retoques no texto que levará para o púlpito.