Nova York (EUA) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem esses dias a missão de atrair investidores para os "títulos verdes" (green bonds) que o Brasil pretende lançar num futuro próximo. Hoje (17/9), antes da reunião jantar com CEOs de grandes fundos de investimentos no restaurante Fasano, Haddad se reuniu com o assessor especial do Ministério da Fazenda Rafael Dubeux, que fez um road show para saber do interesse desses títulos para atração de capital.
"Rafael fez 36 reuniões, com cerca de 60 fundos de investimentos, falando das condições especialíssimas brasileiras em relação ao tema da sustentabilidade. Falou de macroeconomia, dos indicadores macroeconômicos, crescimento, marco fiscal, reforma tributária, uma série de coisas que melhoram o ambiente de negócios no Brasil e dão sustentabilidade fiscal de médio e longo prazo", afirmou o ministro.
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Um dos tópicos que Rafael levou a esses grandes grupos foi a vantagem competitiva do Brasil em relação ao mundo, no que diz respeito à matriz de geração de eletricidade. "Nossa matriz energética é 47% limpa, e temos potencial para praticamente dobrar a produção de energia limpa no espaço de cinco anos, justamente para lançar esses títulos sustentáveis, mas não apenas isso, para financiar a geração de energia limpa, mas para também atrair investimentos na produção industrial voltada para a produção verde. Nós vamos tentar unir a transição energética à transição ecológica, mediante um processo de neoindustrialização", afirmou Haddad.
O ministro explicou que ainda não é possível falar de datas ou valores. "Nós estamos agora no período de silêncio, depois que você faz o road show, você não pode anunciar, a não ser quando for para lançar efetivamente os títulos. Aí o Tesouro é que vai julgar a conveniência de fazer esse lançamento, que deve acontecer no momento adequado de mercado", explicou.
Primeiras reuniões
Haddad foi um dos poucos ministros que participou da reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com grandes fundos de investimento, por exemplo, o Blackrock. Lá estavam ainda os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A parte da reunião durou três horas e, às 21h, começou o jantar, no Fasano. Ambos os encontros promovidos pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Foi quando os outros ministros se juntaram ao evento, como Marina Silva, do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, e outros políticos, como o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e vários parlamentares.
A presença dos presidentes do Poder Legislativo foi justamente para mostrar o compromisso do Brasil com a transcrição energética. Por exemplo, a lei do crédito de carbono, que tramita no Senado.
Durante a reunião, o presidente Lula, o ministro Fernando Haddad e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, falaram das relações institucionais entre Executivo e o Parlamento, e a importância da reforma tributária para simplificar o sistema tributário.
Os presentes na reunião também falaram sobre os investimentos em infraestrutura e o potencial do Brasil em transição e energética.