O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu Cuba e chamou de "ilegal" o embargo econômico dos Estados Unidos à ilha. O presidente brasileiro, que vai se encontrar com o presidente norte-americano, Joe Biden, nesta semana em Nova York, condenou a inclusão de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo mas evitou cobrar formalmente o país caribenho da dívida com o Brasil.
"Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa. E até hoje é vítima de um embargo econômico ilegal. O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo", afirmou Lula, ontem, na reunião de cúpula do G77 China.
Em 2009, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo brasileiro emprestou US$ 658 milhões (R$ 3,2 bilhões) para financiar obras no Porto Mariel. Cuba interrompeu o pagamento das parcelas da dívida em 2018, sob alegação de que não tem recursos para quitar a dívida, que gira em torno de R$ 2,5 bilhões. Nesse período, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, endureceu a política de embargo ao país. A crise se intensificou nos anos seguintes, em consequência da pandemia de covid-19, que resultou no enfraquecimento do turismo — importante atividade econômica cubana.
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Além de criticar o embargo a Cuba, Lula voltou a cobrar dos países ricos o prometido financiamento de projetos nos países em desenvolvimento, que possibilitem o enfrentamento das mudanças climáticas, provocadas, historicamente, pelos países industrializados. "Vamos promover a industrialização sustentável, investindo em energias renováveis, na socio-bioeconomia e na agricultura de baixo carbono. Faremos isso sem esquecer que não temos a mesma dívida histórica dos países ricos pelo aquecimento global", declarou.
Após o evento, Lula teve uma reunião bilateral com o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel. Havia a expectativa de que os dois presidentes tratassem, nesse encontro, da renegociação da dívida da ilha com o Brasil. Mas, segundo interlocutores, o tema não entrou na pauta, uma vez que o assunto está sendo discutido entre técnicos que levantam o valor do passivo. Antes de embarcar para Nova York, Lula ainda fez uma rápida visita a Raul Castro.