Tentando blindar o Exército das acusações de facilitação aos ataques dos bolsonaristas às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, o ex-chefe do Comando Militar do Planalto, general Gustavo Dutra, atribuiu à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) a culpa pelo fato de os acampamentos em frente ao QG da força não terem sido desmontados. Em depoimento à CPMI que apura os atos golpistas, ele justificou que "as ações realizadas no SMU [Setor Militar Urbano] foram planejadas para evitar danos de um eventual emprego de tropas".
O general se esquivou de fazer classificações sobre os acampados em frente ao comando do Exército — que pediam, entre outras coisas, intervenção militar para manter ilegalmente Jair Bolsonaro no poder, apesar de derrotado na eleição presidencial. "Não cabia ao Exército fazer qualquer juízo de valor sobre o teor das manifestações ou o controle de legalidade das pautas reivindicadas, sob pena de caracterizar eventual abuso de autoridade", afirmou, acrescentando que "não houve inércia ou complacência" dos militares.
Dutra disse que solicitou à SSP-DF que interviesse para desmobilizar os acampamentos em frente ao QG — o que contradiz a Polícia Militar do DF, cujos coronéis acusam os integrantes da força de proteger os bolsonaristas, inclusive depois que depredaram as sedes dos Três Poderes. O militar apresentou uma linha do tempo de ações adotadas desde 15 de novembro de 2022, fechando em 5 de janeiro deste ano — quando, segundo ele, a concentração se dissipara.
Porém, a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), apontou que uma grande concentração de bolsonaristas, às vésperas do 8 de janeiro, estava a poucos metros do QG. "Temos um acampamento que se concentra a poucos metros do Quartel General e não eram poucas pessoas. Toda essa área é responsabilidade das Forças Armadas", acusou a senadora. Ela defendeu uma acareação entre o general e os coronéis da PMDF.
Braga Netto
Na próxima terça-feira, a CPMI ouvirá o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa do governo Bolsonaro, Walter Braga Netto. Ele voltou ao noticiário pelo suposto envolvimento em um esquema de superfaturamento na compra de coletes balísticos para policiais que atuaram na intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, em 2018.
Sobre a proposta de prorrogar os trabalhos da CPMI, como defendem parlamentares governistas — a título de fazer as acareações que julgam necessárias —, Maia afirmou que essa possibilidade é remota. Os trabalhos do colegiados estão previstos para se encerrarem em 17 de outubro.
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