A 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, que ocorre nesta quarta-feira (13/9), contou com a presença de lideranças indígenas com participação na política brasileira, como a deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG), a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e da presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana. As participantes da marcha caminharam em direção ao Congresso Nacional e, em frente ao prédio do poder Legislativo, discursaram pedindo o combate à violência e contra o marco temporal.
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“O Congresso votou com urgência o PL 490/07 e o PL 2903, que falam do Marco Temporal. Nós queremos essa mesma urgência para votar o PL da violência contra mulheres indígenas”, reivindicou Xakriabá. “Querem decidir sobre nossas vidas e estamos aqui [na marcha], cinco mil mulheres para dizer que nossa segurança jurídica é a segurança alimentar e do território”, afirmou a deputada.
“Vivemos em um Brasil que continua caminhando para aprimorar a democracia, mas que não respeita de onde o Brasil nasceu, que foi pelas mulheres indígenas. Nós precisamos entender que ainda há muito para fazer”, disse Xakriabá ao Correio.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) também esteve presente na marcha e proferiu, de cima do trio elétrico, palavras de ordem contra o Marco Temporal, que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). “Antes da coroa já existia o cocar e os cocares precisam ser respeitados. Por isso, precisamos dizer não ao marco temporal. Não àqueles que acham que o povo brasileiro cabe dentro de uma cerca”, reforçou.
Comunidades de 26 estados
Integrantes de comunidades tradicionais de 26 estados fazem parte do ato, que tem como tema as “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade através das raízes ancestrais". Mulheres Timbira, do Maranhão; Xucuru-Kariri,de Alagoas; Krenak, do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, foram algumas das que estiveram presentes no movimento.
Khaya Namapura, do povo Mura, no Amazonas, participou pela segunda vez da marcha e ressaltou a importância da articulação indígena para impedir o avanço do marco temporal. “Nossa presença aqui é muito importante para a gente reivindicar nossos direitos de demarcação, que é o que o povo Mura mais procura porque nossas terras estão sendo invadidas. A gente não aguenta mais ser imprensado por invasores dentro do nosso próprio território, estão destruindo tudo, destruindo nossos alimentos, destruindo onde a gente vive”, destacou Namapura.
“As mulheres indígenas não cansam, são resistentes, resilientes, sábias por natureza. Não é atoa que somos parlamentares, presidenta da Funai, professoras, advogadas”, discursou a presidente da Funai, Joenia Wapichana. “As mulheres vêm [para a marcha] mostrar sua força, mostrar que é essencial estar presente em qualquer espaço, em qualquer lugar e lugar de mulher é na tomada de decisão do país. Somos solução para as crises humanitárias, climáticas, sociais e estamos ajudando a reconstruir nosso país. Fazemos parte desse governo, para juntar os cacos e mostrar a força da mulher indígena”, completou Wapichana.
Além dos povos indígenas brasileiros, mulheres do Peru, dos Estados Unidos, Malásia, da Rússia e da Nova Zelândia, também marcaram presença.