A demissão da ex-campeã de vôlei Ana Moser do Ministério do Esporte para acomodar antigos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro gerou fortes críticas à decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais. De apoiadores do governo a figuras de proa do bolsonarismo, nos dois casos foi questionada a redução da representação feminina no governo.
Desde a terça-feira, quando ficaram mais fortes os rumores de que ela seria removida do ministério para acomodar o Centrão, a insatisfação sobre a possível troca já era grande. Ao ponto de a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) viesse a público pedir para que ela fosse mantida e que o presidente resistisse às pressões.
Em nota, o grupo argumentou que durante a campanha, Lula prometeu aos atletas que "era necessária uma revolução na política pública de esporte, que ajudasse a construir uma boa política de esporte para o país". A comissão frisou, ainda, que seria exatamente a formulação deste compromisso que Ana Moser vinha desenhando à frente da pasta. Os atletas também questionaram a substituição da ex-jogadora, com pouco mais de nove meses de gestão, "em nome de uma pretensa governabilidade".
"O esporte não é moeda de troca. Nos sentimos envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor. A ministra Ana Moser tem nosso apoio e o da comunidade esportiva para continuar avançando rumo às mudanças necessárias na estrutura da política pública de esporte do país", critica o manifesto dos atletas.
Para aumentar a insatisfação com a troca de Ana Moser por Fufuca, viralizou o vídeo do voto do novo ministro do Esporte na sessão da Câmara que votou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
A demissão da ex-campeã de vôlei serviu, também, de argumento para críticas de bolsonaristas ao governo e a Lula. Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação e hoje um dos advogados do ex-presidente, criticou a troca. "É o Brasil retrocedendo. Vergonhoso. Voltaremos", publicou em uma rede social, sem mencionar, porém, que Fufuca foi aliado de Bolsonaro.
Já a deputada federal e bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC) criticou o presidente pela diminuição do número de mulheres na Esplanada dos Ministérios. "O governo que diz defender as mulheres, mas deixa ministros tratorarem e escantearem ministras mulheres", publicou a parlamentar.
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