A minirreforma ministerial realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo resultado foi anunciado ontem, não foi complicada apenas pelo fato de precisar mexer com um dos símbolos do esporte brasileiro para acomodar um deputado do Centrão. A substituição no Ministério dos Portos e Aeroportos, que será ocupado pelo deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), mexeu com Márcio França, um dos caciques do PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin. O ex-governador de São Paulo deixou claro que estava incomodado com a substituição, mesmo sendo para ocupar o futuro Ministério da Micro e Pequena Empresa.
Para quebrar as resistências e baixar a temperatura das irritações de França e do PSB, foi preciso que Alckmin entrasse em campo — e deixar claro que a legenda manteria as três pastas a que tem direito. O vice, aliás, viu o ministério que comanda — o do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços — ser diminuído para que o correligionário continuasse no primeiro escalão do governo.
Pessoas próximas ao ministro indicam que o PSB deve negociar com Lula o tamanho e o nome da nova pasta. Os socialistas querem chamá-la de Ministério do Empreendedorismo, Cooperativismo e Economia Criativa.
França ainda deve negociar que a pasta, além do nome, tenha sob seu organograma o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O PSB quer, ainda, que o controle da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) passe para o novo ministério. Espera também que seja criada uma diretoria com microcrédito no Banco Nacional Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Entre os socialistas, tais medidas seriam o mínimo para que fosse superado o mal-estar de ter de encontrar espaço para alojar representantes do Centrão — que até há poucos meses vestiam a camisa do time de Jair Bolsonaro.
Para fontes do PSB não faz sentido que os recém-chegados tenham privilégios — tal como o novo ministro do Esporte, André Fufuca, cuja pasta será turbinada pela secretaria que vai cuidar da arrecadação das apostas esportivas — um incremento orçamentário de R$ 2 bilhões em 2024 —, que estava prevista para compor o Ministério da Fazenda.
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