O ex-presidente Michel Temer (MDB) declarou, em entrevista publicada nesta sexta-feira (1º/9), que não acha “útil” para o país uma possível prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O argumento é que a prisão vitimizaria Bolsonaro e acirraria a radicalização “de ambos os lados”.
Temer, que também foi preso após deixar o cargo, defendeu que é preciso uma legislação específica para ex-presidentes, mas que isso não significa que quem cometeu “maiores excessos de corrupção” não possa ser detido. Sobre sua prisão, o ex-presidente a classificou como um “sequestro”.
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“Não digo se (a prisão de Bolsonaro) convém ou não. Eu não acho útil. Ao prender um ex-presidente, em vez de produzir efeitos negativos, você o vitimiza. Não é útil para o país. Temos no Brasil uma radicalização de ambos os lados. São palavras, gestos, momentos que levam a nação a uma intranquilidade”, respondeu Temer em entrevista à revista Veja, após ser questionado se acredita em uma eventual prisão de Jair Bolsonaro.
Prisão foi "sequestro"
Temer foi preso em março de 2019 após determinação do juiz Marcelo Bretas, sob suspeita de ter cometido delitos de corrupção ativa e lavagem de dinheiro em negociações de contratos da estatal Eletrobras. No mês seguinte, ele foi libertado e teve a prisão substituída por medidas cautelares.
“Eu não fui preso, fui sequestrado. Não havia indiciamento, denúncia, nem uma representação. E o juiz [Bretas] fez o que fez. Se viesse a mim para que eu comparecesse, é claro que iria. Eles me esperaram sair de casa, me pegaram na rua, com fuzil, para sequestrar”, comentou Temer sobre o episódio.
Segundo ele, é preciso pensar em uma legislação específica para ex-presidentes da República, que preveja “tratamento adequado”. Temer defendeu que, enquanto não há condenação, as prisões preventivas são muito questionadas. “É preciso tomar certo cuidado com isso”, pontuou.