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Moro sobre Lava-Jato: "Como quem combateu o crime é o vilão da história?"

Senador alega não haver indícios de que pessoas inocentes tenham sido condenadas pela Lava-Jato e diz que há uma "tentativa stalinista de reescrever a história"

Sergio Moro afirmou que existe uma
Sergio Moro afirmou que existe uma "demonização" da Lava-Jato baseada em "narrativas que não se sustentam" - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
postado em 28/09/2023 17:49

A decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular provas obtidas pela Lava-Jato trouxe à tona, mais uma vez, discussões sobre a integridade da operação. Convidado do CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quinta-feira (28/9), o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil - PR) afirmou que existe uma “demonização” da Lava-Jato baseada em “narrativas que não se sustentam”, promovida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, segundo alegou, fomenta um “revanchismo”.

“Fazem essa demonização da Lava-Jato com narrativas que não se sustentam. Como que quem combateu o crime é o vilão da história? E quando você pergunta ‘Quais foram os excessos e as irregularidades?’, você nunca tem uma resposta precisa. Por exemplo, a investigação que estão querendo colocar na cordilheira do CNJ [Conselho Nacional de Justiça] é porque eu teria violado ‘regras de prudência’. Mas espera aí, algum dinheiro foi desviado? O dinheiro recuperado não foi importante? O que é essa regra de prudência que foi violada? Então, são narrativas que não se sustentam na prática”, alegou.

Sobre sua atuação na Lava-Jato, Moro não faz autocríticas. Para o senador, a operação não resultou na condenação de nenhum inocente, além de ter agido para devolver dinheiro à Petrobras que foi proveniente de um “roubo inegável”. “Faltam fatos objetivos. Ninguém consegue apontar uma pessoa inocente que foi condenada e presa na Lava-Jato. O roubo é inegável. Os fatos são coisas teimosas, são seis bilhões de reais recuperados pela Petrobras. Dinheiro devolvido de ladrões”, argumentou.

Questionado sobre a hipótese de ter o mandato cassado devido à atuação na operação — vide o que aconteceu com o ex-deputado Deltan Dallagnol, ex-procurador da Lava-Jato —, Moro afirmou que existe uma especulação exagerada. O senador alegou que respeita a atuação da Justiça Eleitoral e que está do lado da verdade, pois sua campanha foi feita dentro da lei.

“É muito ‘zum zum zum’ em cima dessa cassação desses processos lá na Justiça Eleitoral. A gente respeita a Justiça Eleitoral e vamos esperar com tranquilidade o resultado do julgamento, tanto no TRE [Tribunal Regional Eleitoral] como no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] porque, no fundo, os fatos e a verdade estão do nosso lado. Nossa campanha foi feita de maneira limpa e íntegra, fazendo apenas aquilo que a lei permitia”, explicou.

Moro argumentou, porém, que o clima de “revanchismo” fomentado pelo governo Lula é motivo de apreensão frente aos processos de cassação do seu mandato na Justiça Eleitoral. “Agora, existe esse clima de revanchismo fomentado pelo governo Lula que, claro, nos traz alguma apreensão. Mas nós estamos tranquilos quanto aos fatos e eu estou focado no meu mandato. Eu quero fazer os meus projetos. Quero agir como oposição responsável contra esse governo. A gente segue adiante olhando pra frente, assim como o governo Lula deveria fazer: olhar pra frente e não olhar para trás”, defendeu.

*Estagiário sob supervisão de Thays Martins

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