Congresso

CPI: relatório de Salles criminaliza o MST

Ex-ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro, parlamentar indicia general Gonçalves Dias e líder dos sem-terra José Rainha. Deputada Sâmia Bonfim promete apresentar texto em separado

Acerto entre Do Val e Izalci durou pouco: cúpula tucana rejeitou a aquisição -  (crédito: Divulgação/Redes sociais)
Acerto entre Do Val e Izalci durou pouco: cúpula tucana rejeitou a aquisição - (crédito: Divulgação/Redes sociais)
postado em 22/09/2023 03:55

O relator da CPI do MST, na Câmara, deputado Ricardo Salles (PL-SP) — ex-ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro — apresentou, ontem, as conclusões sobre a atuação do movimento dos sem-terra, segundo as investigações e levantamentos do colegiado. E como se desenhava nas acaloradas discussões da comissão, ele criminaliza o movimento, pede o indiciamento de pessoas ligadas ao grupo e de parlamentares que defendem a causa e critica o governo Lula.

Entre os indiciados, está o general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Um dos mais antigos militantes sem-terra, José Rainha também teve o indiciamento incluído no relatório. Salles, porém, deixou de fora o deputado Valmir Assunção (PT-BA), que é assentado da reforma agrária, como vinha ameaçando — foi acusado de acobertar invasões.

Salles comparou o MST a uma facção do tráfico de drogas. "Tais grupos, ao adotarem práticas ilegais e abusivas, muito mais se assemelham às facções criminosas do tráfico de drogas, constituindo verdadeiras facções sem-terra. Seus métodos, terminologias e estratégias muito se parecem com as do crime organizado", acusa.

Os governistas pediram vista e o texto será votado semana que vem. A deputada Sâmia Bonfim (PSol-SP) apresentará um voto em separado, com conteúdo bem distinto do relatório de Salles.

O relator ainda classificou o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) como o "maior latifundiário do país", afirmou que o "pretexto da reforma agrária sustenta a indústria de invasões de terra no país" e que o MST e as demais siglas que atuam no campo em nada se diferenciam.

Para Salles, a invasão de propriedade é apenas a ponta do iceberg, que há trabalho escravo nos acampamentos e nos assentamentos e que há uma estreita ligação do MST com Cuba, China, Venezuela e até as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O relatório também atacou o governo da Bahia, estado governado pelo PT há alguns anos. Walmir Assunção reagiu e afirmou que o relatório não representa nem o agronegócio, nem a agricultura familiar.

O petista ainda criticou o relator e lembrou que Salles é réu em denúncia do Ministério Público, acusado de um "grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais", crime que teria ocorrido quando foi ministro de Bolsonaro.

 

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