O ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, acusado por Mauro Cid de concordar com um plano de golpe de Estado, para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi quem teve a ideia de um desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios, em 2021.
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Assim que assumiu o cargo, após o ex-presidente Jair Bolsonaro demitir o ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e os comandantes das Forças Armadas, Garnier demonstrou estreito alinhamento com o ex-presidente, que fazia discursos antidemocráticos, e chegou inclusive a participar de atos onde se convocava "intervenção militar". Em delação à PF, de acordo com o jornal O Globo, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, afirmou que Garnier concordou com um golpe, em reunião com o ex-chefe do Executivo.
O antecessor de Garnier foi demitido por Bolsonaro junto com o chefe da pasta da defesa e os outros dois comandantes após entrevista concedida ao Correio pelo general Paulo Sérgio, então chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército. Bolsonaro não gostou do tom da entrevista, onde o militar incentivou isolamento social, testagem e monitoramento do vírus da covid-19 para reduzir os efeitos da pandemia — que assolou o mundo na época.
Com a chegada de Garnier, o discurso e as ações autoritárias do governo da época tiveram uma escalada. Em análise política, publicada em 2021, o Correio alertou que Garnier foi o autor da ideia de colocar tanques militares para desfilar na Esplanada. O desfile ocorreu no momento em que Bolsonaro seguia uma escalada de ameaças contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e criticava o Legislativo.
"A sugestão da visita das tropas à Praça dos Três Poderes partiu da Marinha, foi chancelada pelo ministro da Defesa, Braga Netto e autorizada por Bolsonaro", descrevia um trecho do artigo, à época. A informação foi repassada à reportagem, na ocasião, por fontes militares. As mesmas fontes se diziam constrangidas pelo desfile com tanques que não estavam preparados para circular e muitas vezes obsoletos.
Interlocutores do comando das Forças Armadas revelaram ainda que existia pressão do ex-presidente para que o comandante do Exército também concordasse com empreitadas autoritárias e demonstrasse apoio - algo que não aconteceu.
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