A Oxfam Brasil comemorou o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta terça-feira (19/9), durante a abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Na avaliação da entidade, o combate às desigualdades voltou com força ao organismo multilateral no discurso do presidente brasileiro.
Foi a oitava vez em que o Lula falou para os países-membros da ONU no encontro anual da ONU. Na avaliação da Oxfam, entidade focada no combate às desigualdades, a fala do presidente brasileiro teve ênfase na disparidade existente entre os poucos super-ricos e a imensa maioria da população global, e também entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento.
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“O mundo está cada vez mais desigual. Os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade”, disse o presidente, ressaltando que é preciso vencer a resignação que nos faz aceitar tamanha injustiça como “fenômeno natural”. "Há inúmeras crises no mundo hoje – climática, tensões geopolíticas, inseguranças alimentar e energética e pandemia – e se fosse para resumir todos os desafios numa única palavra, ela seria 'desigualdade'. 'A desigualdade está na raiz desses fenômenos ou atua para agravá-los'", destacou a Oxfam, em nota divulgada há pouco.
"Para o presidente brasileiro, falta vontade política dos que governam o mundo para vencer a desigualdade, e para tal é preciso que haja uma profunda reforma das instituições multilaterais como o Conselho de Segurança da ONU, Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio (OMC), adaptando-as a um mundo mais multipolar, dando mais voz a países emergentes", destacou a nota da Oxfam.
"Lula criticou também a lentidão na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 e disse que a redução das desigualdades dentro dos países e entre eles deveria se tornar o objetivo-síntese da Agenda. E acrescentou que essa redução das desigualdades passa necessariamente pela inclusão dos mais pobres nos orçamentos nacionais e fazer com que os mais ricos paguem impostos proporcionais ao seu patrimônio", acrescentou a nota.
A entidade ainda lembrou que o Brasil "não só está comprometido em implementar todos os 17 objetivos da Agenda 2030 nos próximos sete anos como adotará voluntariamente um 18º Objetivo, de alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira".
"A agenda climática e ambiental também teve destaque no discurso de Lula, que reforçou a importância de o mundo lidar com a desigualdade histórica entre os países, lembrando que os 10% mais ricos emitem metade do carbono no mundo. Destacou a iniciativa da Cúpula de Belém, realizada em agosto de 2023, de reunir os países da região amazônica para discutir os problemas existentes e as soluções possíveis e desejadas", complementou a entidade.
Lula finalizou o discurso lembrando que o Brasil, ao assumir a presidência do G20 -- grupo das maiores 19 economias desenvolvidas e em desenvolvimento do planeta mais a União Europeia --, em dezembro deste ano, "não medirá esforços para colocar no centro da agenda internacional o combate às desigualdades “em todas as suas dimensões”. O lema da próxima reunião do G20, revelou Lula, será “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.
"Para a Oxfam Brasil, essa construção passa necessariamente pela taxação dos super-ricos, que consideramos fundamental para o financiamento das políticas públicas que promovem a redução das desigualdades brasileiras e globais", completou a nota.
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