Nova York — Depois de um hiato de 14 anos, e pela oitava vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta, hoje, ao púlpito do plenário das Nações Unidas com um discurso para chamar o mundo às reformais sociais, ambientais e de ampliação dos seus fóruns internacionais. Embora tenha participado de outros eventos internacionais desde que foi eleito, o governo considera a abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU o espaço principal do ano um de Lula 3 para apresentar o que o Brasil tem feito e, de quebra, cobrar do mundo uma posição mais voltada à preservação e à redução das desigualdades.
Lula lembrará, ainda, que desde seu último ano naquele púlpito, em 2009, o mundo mudou, mas os fóruns internacionais multilaterais relutam em abrir espaço aos emergentes. Vale lembrar que, naquele ano, o presidente brasileiro já mencionava as questões ambientais e a necessidade de atenção aos recursos naturais — por isso é que mencionará as desigualdades sociais que agravam os fluxos migratórios.
O tom do discurso será, também, no sentido de reforçar a posição histórica da diplomacia brasileira, de que é preciso reformular o sistema de governança dos organismos multilaterais, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Organização Mundial do Comércio (OMC). Até as 20h de ontem, o presidente ainda dava os últimos retoques no texto que levará para o púlpito.
Agenda cheia
Paralelamente a esse discurso, tão esperado pelo governo brasileiro e visto como uma das apostas para chamar a atenção sobre o potencial do Brasil na transição energética para a economia verde, o presidente tem também hoje cinco reuniões bilaterais e outras quatro, amanhã. A única fora do hotel Lotte, onde estão hospedados Lula e outros 10 chefes de estado e de governo, será o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, da qual participam o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O encontro com Biden é considerado crucial para ajudar o Brasil a ampliar o potencial de negócios com os americanos. No setor do agro, por exemplo, os exportadores brasileiros tentam ampliar suas cotas, mas os americanos querem acesso ao mercado nacional de etanol de milho do Nordeste.
Lula e Biden não devem descer a esse detalhe, mas as conversas serão no sentido de tentar destravar mais o comércio entre os dois países. Especialmente agora, quando os dois países vão lançar a iniciativa global para chamar a atenção à necessidade de dar um basta na precarização das relações trabalhistas e fortalecer as representações dos trabalhadores (leia na página 3). É a primeira vez que se tem uma ação desse tipo entre a maior economia capitalista do mundo e o Brasil. E partiu de Biden essa iniciativa.
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