A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), é alvo de parlamentares da oposição por um suposto encontro entre o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, e um dos assessores da parlamentar. Os oposicionistas acreditam que Dias teria sido orientado sobre perguntas que lhe seriam feitas durante a oitiva que ocorreu em 31 de agosto.
Eliziane disse, nesta quinta-feira (14/9), estar focada na investigação e que a oposição estaria tentando “criar um outro foco”. “Eu não vou cair nessa tentativa. Então, ao mesmo tempo também, eu percebo que há um certo desespero da parte deles [oposição], nós temos hoje delação premiada já homologada, nós temos documentos que ainda estão chegando aqui a CPI. Tem vários fatos que não estão ainda no conhecimento público, mas que eles temem... Eu até acho normal esse desespero da parte deles”, comentou ela aos jornalistas.
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O suposto encontro foi exposto pelo deputado Filipe Barros (PL-RR) na última sessão do colegiado (12), quando foram reveladas mensagens de WhatsApp entre G.Dias e o filho dele, Gabriel Dias, tratando da suposta reunião. “Oi. Vc vai trazê-lo aqui…. É o chefe (de gabinete) mesmo?”, pergunta o ex-chefe do GSI. “Vou. É, sim”, responde o filho.
Nesse encontro, o general supostamente teria recebido um documento de uma terceira pessoa, chamada Coronel Titan, com perguntas semelhantes às feitas pela relatora no depoimento do ex-ministro.
Eliziane explicou que viu Goncalves Dias pela primeira vez na ocasião da oitiva e que jamais trocou mensagens com ninguém ligado a ele. “Se o Gabriel fez contato com alguém do meu gabinete, deve ter ligado como fazem várias outras pessoas.”
“Da mesma forma, como ele diz aqui que foi procurado pelo Nikolas Ferreira, foi procurado por vossa excelência, Filipe Barros, e por André Fernandes”, disse a relatora, que explicou, ainda, que a similaridade das perguntas não seria estranha, já que frequentemente há repetição de diversos questionamentos na CPMI.
"Ambiente de suspeição"
“Por favor, da mesma forma como vossa excelência não pode dizer que eu fiz uma combinação, eu poderia dizer que o senhor, junto ao André e com o Nikolas, o procuraram para sabe-se lá o quê. Então, por favor, não tente criar uma suspeição sobre um trabalho que eu estou fazendo”, respondeu a senadora.
O senador Marcos Rogério (PL-RO) rebateu a relatora, frisando que os oposicionistas querem seguir com a investigação, e usou o caso para justificar a posição. “Na sessão passada (12), a relatora teve uma denúncia apresentada no âmbito da CPI de combinar o jogo com depoimentos, inclusive com informações, com trocas de mensagens. Isso torna a relatoria um ambiente de suspeição.”
“E quando eu questionei a ela sobre a necessidade de convocar aqui o comandante da Força Nacional, eu indaguei diretamente à relatora se, diante dos fatos, diante das evidências, era o desejo dela a convocação do comandante da Força Nacional. E ela, simplesmente, desconversou. E aí, no final, ela disse eu sou da base do governo. Olha, relator de CPI não está para defender o governo. (...) Se ela está com a missão de defender o governo e esconder os fatos ocorridos, em todo respeito, a CPI perde a sua razão de ser”, opinou ele.
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