Um dia antes de ser anunciado ministro do Esporte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado André Fufuca (PP-MA), líder do partido na Câmara, teria orientado um de seus deputados no Conselho de Ética, o Delegado Fábio Costa (PP-AL), vice-líder da legenda, a apresentar requerimento retardando o arquivamento do caso que envolvia a petista Juliana Cardoso (PT-SP), o que prejudicaria a parlamentar.
O episódio ocorreu na terça-feira da semana passada, dia 5 de setembro. Fufuca foi anunciado ministro na quarta (6). Juliana foi acusada de quebra de decoro por ter se referido a deputados que votaram a favor do marco temporal que define demarcação de terras indígenas de "assassinos". O relator da ação no conselho, Gabriel Mota (Republicanos-RR) já havia se manifestado pelo arquivamento e o processo tinha passado até por um pedido de vista, manobra regimental para atrasar processos.
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Quando se imaginava que o caso seria votado, Costa entrou com requerimento de adiamento. Os conselheiros foram pegos de surpresa. A deputada Jack Rocha (PT-ES), então, contou que Costa a relatou, fora dos microfones, que ele apresentou o pedido de adiamento atendendo a um pedido de Fufuca.
"O próprio deputado Delegado Fabio Costa, do PP, em uma conversa bilateral, disse-me que foi um pedido do líder André Fufuca, para que houvesse esse requerimento sobre a Mesa."
Chico Alencar (PSol-RJ) classificou essa possibilidade como um 'disparate total', já que o líder do PP na Câmara estava próximo a ser indicado ministro do governo, possibilidade cogitada havia mais de um mês.
"O deputado Fufuca, está evidente, todo mundo sabe, está negociando com o governo para assumir um ministério. Isso seria uma protelação para pressionar, já que o Lula está mais lento do que nós aqui em alguns casos."
Processo arquivado
Costa não foi categórico em negar orientação de Fufuca, ainda que não tenha confirmado no microfone a versão que teria confidenciado a Jack Rocha.
"Eu respondo pelas minhas palavras. Tem que partir de mim essa afirmação", disse.
O requerimento de atrasar o processo foi votado e, por 9 a 7, derrotado. Depois, por 13 votos a 2, foi arquivado. Inclusive o próprio Costa votou pelo arquivamento, afirmando não ter nada em particular contra Juliana Cardoso.
Fufuca e seu grupo perderam, e o caso contra a petista terminou arquivado. O Correio fez contato com o gabinete do deputado, a liderança do partido na Câmara e a assessoria do partido, e aguarda um retorno. O espaço segue aberto para manifestação do líder do PP.
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